Por:

A lenta resposta do país aos desastres climáticos

Atuações dos órgãos não estão sendo suficientes | Foto: Reprodução

A recorrência de desastres climáticos, como as chuvas que atualmente atingem o Rio Grande do Sul, reforça a necessidade de o governo federal formatar um órgão capaz de lidar com a consequências dos estragos e atuar em parcerias com estados e municípios, de acordo com sugestões de especialistas à Folha de S.Paulo.

Em meio ao rastro de destruição no estado com mais de 90 mortos, ações da Defesa Civil, Corpo de Bombeiros e Forças Armadas não estão sendo suficientes. Por isso, muitas pessoas têm atuado como voluntários nos resgate.

Para os especialistas, o país colheu avanços na prevenção e resposta a desastres nos últimos anos, sobretudo após os desastres no Rio de Janeiro que deixaram 900 mortos em 2011.

Foi a partir de então que foram criadas a legislação que organiza a Defesa Civil e as políticas de monitoramento e alerta de desastres como o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden).

O próximo passo, de acordo com eles, é o de integrar governos federal e estaduais, prefeituras e técnicos em assistência social, segurança pública, educação e infraestrutura.

"O Brasil carece de uma autoridade climática, organizada pelo governo federal e com orçamento para o processo de reparação", opina Gustavo Fernandes, professor de administração pública da FGV/EASP.

"Elaborar ações de assistência social, policiamento mediante os saques, educação e infraestrutura, por exemplo", completa Fernandes.

Como exemplos de instituições públicas nessa linha, o professor citou órgãos na Austrália (Agência Nacional de Gestão de Emergências) e Reino Unido (Departamento Governamental de Liderança). Ambos são controlados pelo governo nacional e atuam em parcerias com subdivisões regionais (como estados, províncias e distritos), órgãos da defesa civil e organizações comunitárias na elaboração de redução dos riscos e resiliência aos desastres.

No Brasil, segundo o especialista em gestão de risco Rodrigo Lilla Manzione, professor da Unesp em Ourinhos, ministérios como do Meio Ambiente ou de Cidades têm condições de constituir uma pasta técnica para fortalecer órgãos como Defesa Civil estadual e municipal, além de secretarias locais.

"A população precisa ser informada de como os eventos climáticos estão mudando no mundo inteiro", diz Manzione.

Por: Carlos Petrocilo (Folhapress)