Câncer no pênis: Brasil lidera ranking da doença

País registrou 6,5 mil amputações genitais em dez anos

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Doença tem alta chance de cura se descoberta rapidamente

O câncer de pênis é uma doença rara, mas que nos últimos dez anos provocou cerca de 6,5 mil amputações genitais no Brasil. De 2012 a 2022 foram registrados 21 mil casos do tumor e mais de 4 mil pessoas morreram devido à doença em período similar, segundo dados do Ministério da Saúde.

O Brasil está entre os países com maior incidência desse tipo de câncer no mundo, de acordo com a SBU (Sociedade Brasileira de Urologia).

"Se a gente for ver em outros países, é uma doença que praticamente não existe. Seria o equivalente ao câncer de colo de útero na mulher, que é prevalente no Brasil mas praticamente não existe em países onde a vacinação contra o HPV ocorre em massa", afirma Maurício Dener Cordeiro, coordenador do departamento de uro-oncologia da entidade.

Segundo o especialista, o principal fator de risco para a doença é a infecção pelo HPV. A vacina quadrivalente contra o vírus está disponível no SUS (Sistema Único de Saúde) para a população de 9 a 14 anos e imunossuprimidos até os 45 anos.

Porém, parte considerável dos casos está associada à falta de higiene da região íntima, o que torna o câncer de pênis altamente prevenível. Médicos recomendam lavagem do pênis com água e sabão todos os dias e após relações sexuais.

"Quando você não expõe a glande e não lava direito o prepúcio, a região produz uma secreção que fica acumulada. Este se torna um ambiente totalmente favorável a infecções por bactérias", explica o Cordeiro. "Se isso acontece de forma repetida é um fator de risco para o carcinoma epidermóide", acrescenta o médico.

Por esse motivo, o uso de preservativos ajuda a prevenir a doença, assim como cirurgia para retirada do prepúcio em casos de fimose (estreitamento da pele que recobre o pênis). Tabagismo e idade acima dos 50 anos também são fatores de risco.

A doença é caracterizada por uma úlcera que não cicatriza e por secreções com odor forte no pênis. "Esse tipo de lesão é a principal suspeita, e o paciente deve rapidamente buscar um urologista para fazer uma biópsia e iniciar tratamento", alerta Cordeiro, da SBU.

Quando descoberta em estágio inicial, a doença tem alta chance de cura. O tratamento consiste na retirada da lesão com cirurgia, radioterapia e quimioterapia, dependendo do caso.

Por: Leonardo Zvarick (Folhapress)