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Nova rotulagem assusta os brasileiros

Silvia Andrade, 43, estava certa que o biscoito de polvilho era um alimento "inofensivo", leve o bastante para as duas filhas pequenas, Kyara, 9, e Valentina, 3. Mas qual não foi a sua surpresa da última vez em que foi ao mercado e encontrou um rótulo preto na frente do produto com o alerta: "Alto em gordura saturada e sódio".

"Eu fiquei chocada", diz. "Existem coisas que você já sabe que tem açúcar ou sódio, mas com essa etiqueta dá impressão que tem muito mais. Ver essa indicação em produtos como biscoito de polvilho foi uma surpresa", afirma a administradora de empresas, que diz sentir certo "mal-estar" ao se deparar com a nova rotulagem. "Mas talvez seja mesmo essa a intenção: causar mal-estar para que a gente comece a se alimentar melhor."

A nova rotulagem nutricional para alimentos processados e ultraprocessados, que alerta para altos teores de açúcar adicionado, gordura saturada e sódio, passou a ser obrigatória em outubro do ano passado, depois de nove anos de debate entre Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), fabricantes e entidades da sociedade civil, como o Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor).

A etiqueta padrão traz uma lupa preta, com a indicação "alto em", na parte frontal dos produtos, que também passam a contar com uma tabela de nutrientes por 100 ml ou 100 g, para facilitar a comparação por parte do consumidor.

Segundo a pesquisa da consultoria Bain e Company, obtida pela Folha de S.Paulo, 56% dos consumidores perceberam a nova rotulagem. Destes, 46% desistiram de comprar o produto ou pretendem reduzir o consumo. Outros 34% repensaram o consumo, mas ainda assim compraram.

Por: Daniele Madureira (Folhapress)

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