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Desmatamento eleva em 4°C o calor

A pesquisa é de Edward Butt, da Universidade de Leeds, no Reino Unido | Foto: Christian Braga/Greenpeace

A crise global do clima é um dos motivos pelos quais a Amazônia está ficando mais quente, mas boa parte do aquecimento da região tem origem local e regional, ligada ao desmatamento do bioma --e um estudo feito por pesquisadores brasileiros e britânicos é o primeiro a quantificar as diferentes contribuições para esse efeito.

Segundo a análise, que saiu na revista científica PNAS, o aumento da temperatura em áreas fortemente desmatadas da bacia amazônica pode ter sido até 14 vezes superior ao que aconteceria se a floresta não tivesse sido derrubada. Isso corresponde a temperaturas 4°C mais altas, ou até mais.

O trabalho é assinado por Edward Butt, da Universidade de Leeds, no Reino Unido, e por Francisco Silva Bezerra, do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), entre outros pesquisadores.

Eles usaram dados de satélite que estimaram a temperatura da superfície terrestre num período de 2001 a 2020, englobando, portanto, boa parte dos períodos de maior desmatamento do bioma, além da principal fase de redução contínua desse processo, durante os primeiros governos Lula e Dilma.

Não havia muitas dúvidas sobre a probabilidade maior de um aumento de temperatura local quando áreas de floresta são desmatadas. Isso já tinha sido verificado na floresta amazônica e em outras áreas de mata tropical mundo afora.

À reportagem, Butt explicou que a derrubada da floresta tem dois efeitos contraditórios sobre a temperatura local. De um lado, ocorre uma modificação do albedo (grosso modo, a capacidade que uma superfície tem de refletir ou absorver a luz solar). Em geral, as florestas, por serem mais escuras, absorvem mais a luz do que uma plantação ou pasto, por exemplo. Olhando só para essa variável, portanto, a área desmatada tenderia a aquecer menos.

"Mas hoje já compreendemos bem o fato de que o resfriamento associado a um aumento do albedo da superfície não é suficiente para contrabalançar outros fatores."

Por: Reinaldo José Lopes (Folhapress)

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