A Polícia Federal auxilia na investigação dos assassinatos de três médicos ortopedistas em um quiosque na Barra da Tijuca (RJ) na madrugada de quinta-feira (5). Por determinação do ministro da Justiça, Flávio Dino, já que um dos assassinados era irmão da deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP) e cunhado do também deputado Glauber Braga (PSOL-RJ), a investigação foi federalizada. A PF irá apurar se eventualmente o crime teve intenção política.
A titularidade da investigação é da Polícia Civil do Rio de Janeiro. Porém, na tarde de quinta, o secretário-executivo do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Cappelli, foi enviado ao estado, onde irá se reunir nesta sexta-feira (6), com o governador do estado, Cláudio Castro, para definir as primeiras medidas a serem tomadas pela Polícia Federal (PF), que prestará apoio às investigações do caso, devido o parentesco de uma das vítimas com a parlamentar.
Os médicos assassinados, Marcos de Andrade Corsato, 62, Perseu Ribeiro Almeida, 33, e Diego Ralf de Souza Bomfim, 35 – esse o irmão de Sâmia Bomfim – eram de São Paulo e participavam do 6º Congresso Internacional de Cirurgia Minimamente Invasiva do Pé e Tornozelo e estavam hospedados no hotel que sediava o evento. A quarta vítima, Daniel Sonnewend Proença, foi levada com vida para o Hospital Municipal Lourenço Jorge, após ser atingido por três tiros, e segue internado com quadro de saúde estável.
Uma testemunha do assassinato disse à CNN o que ele viu no momento da morte dos três médicos. “Tudo foi rápido e assustador, não houve conversa”, declarou. A deputada Sâmia Bomfim, agradeceu às mensagens de solidariedade e em nota cobrou a “imediata e profunda investigação”. Ela acrescentou: “Foi um crime bárbaro e a gente quer apuração.”.
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), também enviou investigadores da Delegacia de Homicídio para acompanhar o caso e também determinou que a Polícia Civil utilize todos os recursos necessários para a elucidação dos homicídios.
“É um crime bárbaro. A Polícia Civil do Rio de Janeiro possui tecnologia e expertise necessárias para elucidar o ocorrido, vamos fazer um trabalho integrado junto a PF” afirmou o governador ao se solidarizar com as famílias das vítimas.
Linha de investigação
Até a data desta publicação, ainda não se sabe qual foi a causa da execução, mas a principal hipótese da linha de investigação do ataque a tiros é a de que os quatro médicos teriam sido baleados por engano. Segundo essa hipótese, o alvo era um miliciano da região de Jacarepaguá, Taillon de Alcântara Pereira Barbosa, que se parece com uma das vítimas, o médico Perseu Ribeiro.
Taillon já foi preso em 2020 e é filho de Dalmir Pereira Barbosa, apontado como um dos principais chefes de uma milícia que atua na Zona Oeste do Rio de Janeiro. A Polícia Civil está focada em tentar encontrar o carro branco de onde desceram os criminosos, para tentar localizar rastro das digitais dos suspeitos no veículo.
Imagens da câmera de segurança do local mostram que homens desembarcam de um carro branco, atiraram contra os quatro médicos sentados em uma mesa do quiosque e logo depois fugiram no veículo. Nenhum dos pertences das vítimas foi levado, o que levanta a hipótese de execução.
Repercussão
Diante da linha de investigação, por prudência, o próprio presidente do Psol no Rio de Janeiro, o deputado federal Tarcísio Motta, afirmou que "nada indica" que haja de fato motivação política para os assassinatos.
Já o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lamentou o caso: "Recebi com grande tristeza e indignação a notícia da execução de Diego Ralf Bomfim, Marcos de Andrade Corsato e Perseu Ribeiro Almeida na orla da Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, na madrugada desta quinta-feira", escreveu Lula no X, antigo Twitter.