Por Mariana Zylberkan (Folhapress)
Em pouco mais de oito das casas modulares disponibilizadas pela Prefeitura de São Paulo para abrigar pessoas em situação de rua, 3 em cada 10 desligamentos foram forçados. Desde dezembro de 2022, 38 pessoas foram expulsas pela entidade que gerencia as moradias, de um total de 116 saídas no período. Até junho, 212 pessoas tinham sido atendidas.
Inaugurado como resposta da gestão do prefeito Ricardo Nunes ao aumento da população de rua, o projeto oferece moradia transitória por até dois anos a famílias que foram parar nas ruas. O modelo é formado por casas de 18 m² organizadas em vilas. Atualmente, há duas unidades em funcionamento, no Canindé e no Anhangabaú.
As expulsões foram precedidas, em maior parte, por casos de violência de gênero, ameaça e agressão entre os moradores.
As vilas Reencontro são geridas por uma entidade especializada em acolher refugiados no norte do país, a Associação Voluntários para o Serviço Internacional, que tem contrato de R$ 20,7 milhões com a prefeitura, firmado no fim de 2022, com validade de dois anos.
Anunciada pela gestão municipal como iniciativa inspirada em modelo dos EUA, a Vila Reencontro difere dos demais abrigos pela proposta de fornecer autonomia aos moradores na tentativa de simular uma casa próxima da realidade. Na prática, porém, a Vila ainda mantém traços presentes nos demais centros de acolhida, como fornecimento de refeições em horários preestabelecidos e controle de acesso entre as 6h e as 22h. Depois desse horário é preciso autorização.
Segundo a gestão municipal, os casos de violência de gênero, ameaça e agressão nas vilas se perpetuam em outros serviços de acolhimento, onde as regras também são elaboradas de forma conjunta entre os que utilizam os endereços.