Coreia do Sul envia caças contra patrulha e intercepta bombardeiros da Rússia e da China

Por

A Coreia do Sul mobilizou caças F-35 nesta terça-feira (9) para interceptar uma patrulha promovida pela Rússia e pela China perto de seu espaço aéreo. O incidente ocorre em meio à elevação das tensões no leste da Ásia, com o crescente estranhamento entre Pequim, aliada de Moscou, e Tóquio, próxima de Seul.

Também nesta terça, o Japão anunciou a abertura de uma unidade de guerra eletrônica na ilha de Yonaguni, o ponto mais próximo de Taiwan - a ilha autônoma no centro da crise com os chineses.

A patrulha envolveu 11 aeronaves, incluindo bombardeiros para ataque nuclear russos Tu-95 e chineses H-6K, com suas respectivas escoltas, caças Su-30 e Su-35 de Moscou, e J-16 de Pequim. Um avião-radar KJ-500A chinês também participou. É o décimo exercício do tipo desde 2019.

O Ministério da Defesa de Seul disse que o grupo passou cerca de uma hora testando a Adiz (Zona de Identificação de Defesa Aérea, na sigla inglesa) sobre o mar do Japão, a sudeste do país. Trata-se de uma área delimitada de forma arbitrária por nações, às vezes se sobrepondo, antes do espaço aéreo propriamente dito. Nela, aeronaves desconhecidas têm de se identificar sob pena de interceptação.

A pasta não informou quantos aviões empregou. Nas imagens divulgadas pela Rússia, ao menos um F-35 é visível. Moscou disse que o exercício tinha caráter defensivo, durou oito horas e não invadiu nenhum espaço aéreo nacional.

O mal-estar no leste começou no mês passado, quando a nova premiê japonesa, Sanae Takaichi, insinuou que poderia intervir militarmente se a China invadisse Taiwan, cuja retomada militar não é descartada pelo líder chinês Xi Jinping.

Depois, o Ministério da Defesa japonês anunciou planos para a instalação de mísseis ofensivos de médio alcance em Yonaguni, ilha que fica a 110 km de Taiwan.

A China protestou, a Rússia anunciou seu apoio ao aliado e até Donald Trump, após uma conversa com Xi, recomendou a Tóquio para que baixasse o tom. O turismo e o comércio entre os países asiáticos já sentem os efeitos da tensão.

Até aqui, o pedido de Trump não foi atendido. No fim de semana, durante um exercício da Marinha chinesa, caças J-15 de Pequim colocaram na mira de seus radares aviões de combate F-15 japoneses que estavam monitorando as manobras.

Em termos militares, a chamada iluminação do alvo é o passo anterior a um disparo. O Japão protestou, dizendo estar à distância, e os chineses se queixaram de intervenção no exercício de suas forças. O incidente desta terça se insere nessa tensão. A ocasião mais recente desse tipo foi em novembro de 2024, como desta vez sem nenhuma intercorrência mais grave. Em 2019, caças sul-coreanos dispararam contra aeronaves russas e chinesas, explicitando o risco de escaladas acidentais.

Por Igor Gielow (Folhapress)