Massacre após cessar-fogo

Israel matou 279 pessoas em Gaza após acordo, diz governo palestino

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O Governo da Palestina informou que 279 pessoas foram mortas em ataques israelenses na Faixa de Gaza desde o início do cessar-fogo, iniciado em outubro deste ano. Israel não comentou as afirmações.

Além dos mortos, outros 652 palestinos ficaram feridos. Os números foram divulgados hoje em um comunicado do Gabinete de Imprensa do país e contabilizam violações cometidas até a noite de ontem na região.

O órgão acusa o Exército de Israel de 113 disparos diretos contra civis. De acordo com as autoridades, os militares teriam atacado diretamente cidadãos, casas, bairros residenciais e tendas de deslocados.

Outras mortes teriam ocorrido em outros 174 ataques e bombardeios israelenses. Além disso, a pasta afirma que 17 incursões foram realizadas por veículos militares em áreas residenciais e agrícolas, enquanto houve também 85 demolições de casas e instalações civis durante esse período.

Palestina diz que esse "comportamento agressivo" deve frustrar qualquer esforço internacional para manter a paz. "Isso confirma a insistência da ocupação israelense em minar o acordo e criar uma realidade sangrenta no terreno, ameaçando a segurança e a estabilidade na Faixa de Gaza", acrescenta.

Governo palestino pede que o presidente dos EUA, Donald Trump, tome uma providência em relação ao que está acontecendo. Além dele, os países mediadores e o Conselho de Segurança da ONU devem atuar de forma séria e eficaz para "obrigar Israel a cumprir os termos do cessar-fogo e do protocolo humanitário".

TRÉGUA FRÁGIL

Hamas e Israel têm trocado acusações de quebra do acordo selado pelos EUA desde o dia um do cessar-fogo. Nos primeiros dias, o país de Benjamin Netanyahu alegava demora na entrega de corpos de reféns, enquanto o Hamas afirmava que os bombardeios no enclave não haviam cessado.

Neste último mês, ataques em Gaza não cessaram. O exército israelense chegou a atacar o local por três dias consecutivos em retaliação a morte de um soldado de Israel, deixando 104 palestinos mortos. O agente teria sido morto em um suposto ataque de homens armados, mas o Hamas rejeitou a acusação.

Israel, por sua vez, também acusou diversas vezes o Hamas de violação ao cessar-fogo. Hoje mesmo, o Exército publicou no X que "vários terroristas foram identificados cruzando a linha amarela e se aproximando de suas tropas no norte de Gaza".

Nesses episódios, Israel costumava chamar os bombardeios de "ataques direcionados" ou alegava que os extremistas cruzavam limites territoriais. Apesar disso, dizia também que continuava comprometido com o cessar-fogo, mesmo com as empreitadas militares.

Hamas e Israel rejeitam pontos de plano para Gaza antes de votação da ONUO acordo de trégua tem ainda pontos nebulosos. Alguns deles são o desarmamento do Hamas, um cronograma para a retirada do Exército israelense de Gaza, bem como o comando político da Palestina.