Acordo de paz está por um triz
Netanyahu rompe trégua e ordena 'ataques poderosos' contra Gaza
Por Manoella Smith, Guilherme Botacini e Renan Marra (Folhapress)
O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, acusou o grupo terrorista Hamas de violar o cessar-fogo estabelecido há mais de duas semanas e ordenou, na terça (28), que o Exército israelense faça "ataques poderosos" contra a Faixa de Gaza.
O Exército afirma que equipes de operações de engenharia em Rafah, no sul do território palestino, foram alvo de um atirador e de projéteis antitanque. Segundo Tel Aviv, eles estavam além da chamada "linha amarela", que demarca o recuo militar israelense conforme estabelecido pelo acordo.
As ações irritaram Netanyahu, que teria tomado a decisão de reiniciar os ataques de forma imediata após consultas a autoridades de defesa. Em resposta, o braço armado do Hamas afirmou que vai postergar a entrega do corpo de um refém que estava prevista para quinta (30).
Minutos após a determinação de Netanyahu, a Defesa Civil de Gaza, controlada pelo Hamas, afirmou ter registrado pelo menos três ataques aéreos contra o território palestino. De acordo com testemunhas e a mídia local, mencionadas pela agência de notícias Reuters, as ofensivas atingiram uma área perto de um hospital em funcionamento no norte da faixa. Não há informações sobre mortos ou feridos.
Ao jornal The Jerusalem Post, um funcionário do governo de Netanyahu afirmou que a resposta seria "mais significativa" do que da última vez em que Tel Aviv acusou o Hamas de violar o cessar-fogo e fez uma série de ataques a Gaza.
No último dia 19, o Exército israelense afirmou que equipes tinham sido novamente alvo de ataques, também no sul do território, e anunciou a morte de dois soldados. Na ocasião, o Hamas negou ter conhecimento de qualquer ação no local.
Aquele episódio foi o primeiro grande teste ao acordo de cessar-fogo costurado pelo presidente americano, Donald Trump, e países muçulmanos. Israel respondeu com ataques pontuais e, algumas horas depois, afirmou que voltaria a respeitar a trégua.
O trato, de todo modo, mostrou sua fragilidade apesar dos esforços internacionais para encerrar o conflito, que deixou mais de 67 mil palestinos mortos.