Criticado por ter feito mais viagens ao exterior do que dentro do próprio país desde que se tornou presidente, Javier Milei foi ao sul, na Terra do Fogo, para um giro por ao menos dez províncias argentinas que fará até as eleições legislativas de 26 de outubro.
Em Ushuaia, na segunda (29), o político visitou uma fábrica da Newsan, de eletrodomésticos e celulares, onde foi recebido por manifestantes do Sindicato dos Metalúrgicos. Milei chamou o grupo de "partido do Estado". Sob argumento de falta de segurança, a caravana do presidente cancelou uma caminhada que ele faria em seguida pela cidade, e o presidente acabou voltando mais cedo a Buenos Aires.
"O sindicalismo na Argentina é muito politizado e alinhado com um partido político", disse o presidente, em referência à oposição peronista. "O que viemos fazer é aumentar a esperança de um futuro melhor."
Milei estava acompanhado de Agustín Coto, candidato a senador, e de Miguel Rodríguez, candidato a deputado pelo governista A Liberdade Avança. Após o ataque com pedradas que o presidente sofreu em Lomas de Zamora dias antes das eleições legislativas na província de Buenos Aires, a comitiva reforçou seu esquema de segurança.
A visita é parte de uma série de eventos de campanha de Milei, à medida que as legislativas nacionais se aproximam.
Na Terra do Fogo, Milei aproveitou para elogiar o regime de isenção fiscal local, semelhante ao da Zona Franca de Manaus. Ao longo de seu governo, o presidente tanto fez acenos ao sistema quanto críticas. "A Terra do Fogo é um exemplo de que, se a gente remove a carga tributária de um lugar, ele se expande. O problema não e a vantagem daqui, mas o restante da Argentina, que tem impostos para tudo", disse desta vez.
Milei já fez 23 viagens ao exterior em menos de dois anos de mandato - 12 delas foram para os EUA, a mais recente delas para participar da Assembleia Geral da ONU.
Agora, o foco será o interior da Argentina. Ele planeja visitar de 10 a 13 províncias (são 23 no total, além da Cidade Autônoma de Buenos Aires). As viagens devem ocorrer a cada três dias.
Por Douglas Gavras (Folhapress)