Rússia treina ataque com supermíssil

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Rússia encerrou seu exercício militar junto às fronteiras da Otan em Belarus na terça (16) com uma simulação de ataque nuclear que incluiu o novo míssil do arsenal de Vladimir Putin, o Orechnik, que foi testado em combate na Ucrânia em novembro passado.

A demonstração de força estava prevista, sendo pela primeira vez admitida pelos envolvidos. "Estamos praticando de tudo aqui. Eles [os ocidentais] sabem disso também, não estamos escondendo. De armas convencionais a ogivas nucleares, precisamos ser capazes de fazer tudo isso", disse o ditador belarusso, Aleksandr Lukachenko.

Chamada de Zapad (Ocidente), a manobra foi criticada pela Otan, a aliança militar ocidental que teve de criar uma missão de reforço do espaço aéreo do Leste Europeu após drones russos entrarem na Polônia na semana passada, naquilo que o Kremlin disse ter sido um acidente durante ataque à Ucrânia.

Mas Moscou mordeu e assoprou: convidou pela primeira vez desde a invasão do vizinho, em 2022, militares americanos para observar as manobras. Por óbvio, o que eles podem ver é limitado, mas o gesto simboliza a renovada, ainda que tumultuada, relação com os Estados Unidos.

Segundo o Ministério da Defesa de Belarus, o lançamento simulado do Orechnik (aveleira, em russo), um míssil balístico de alcance intermediário armado com ogivas independentes, desenhado para guerras nucleares mas que na Ucrânia foi testado com cargas cinéticas, sem explosivos.

Lukachenko já disse que Putin irá colocar ao menos um regimento da arma, que tem alcance para cobrir com folga toda a Europa e o líder russo chama de "impossível de interceptar". No ano passado, Moscou também posicionou ogivas nucleares táticas no aliado, aquelas que são teoricamente usadas em combate restrito ao campo de batalha.

Tudo isso gerou alarme nos vizinhos do Báltico e da Polônia. "Mas nós não estamos absolutamente planejando ameaçar ninguém com isso", disse Lukachenko. Se alguém acredita nele, é outra questão.

Por Igor Gielow (Folhapress)