Juíza revoga cortes de Trump a Harvard

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A juíza federal Allison Burroughs revogou na quarta (3) o corte de US$ 2,2 bilhões (R$ 12 bilhões) em verbas da Universidade Harvard feito pelo governo Donald Trump e proibiu a Casa Branca de realizar novas restrições ao financiamento da instituição, uma das mais famosas do mundo.

Embora a decisão da Justiça provavelmente vá ser questionada em instâncias superiores pela gestão Trump, ela é ainda assim uma vitória importante para Harvard, que ganha mais força nas negociações em curso com a Casa Branca para reaver o financiamento.

Harvard e outras universidades de elite americanas estão sob ataque de Trump, que acusa as instituições de serem dominadas pela esquerda radical e coniventes com antissemitismo ao permitir manifestações contra as ações de Israel na Faixa de Gaza em seus campi.

Na decisão, entretanto, Burroughs afirma que, embora Harvard deveria ter "feito mais" para combater antissemitismo no campus, o governo Trump utiliza a questão como "cortina de fumaça".

"Há pouca ou nenhuma conexão entre a pesquisa afetada com os cortes de verbas e antissemitismo. Na realidade, uma revisão atenta dos autos dificulta concluir outra coisa senão que o réu [o governo Trump] utiliza o tema como cortina de fumaça para um ataque ideológico contra as principais universidades do país, e o faz em violação da lei", escreveu a juíza.

"A ideia de que combater o antissemitismo é o verdadeiro objetivo do réu é desmentida pelo fato de que a maioria das exigências feitas a Harvard -mudanças em sua administração, contratações, e ingresso de estudantes - tem pouco a ver com antissemitismo e muito a ver com o poder e visões políticas do réu."

O governo Trump, que enfrenta decisões contrárias da Justiça, de imigração a corte de ajuda externa, conta com vitórias na Suprema Corte para prosseguir com suas medidas mais controversas.

Por Victor Lacombe (Folhapress)