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Queda do primeiro-ministro

Por André Fontenelle (Folhapress)

A Assembleia Nacional da França confirmou na segunda (8) a esperada queda do gabinete do primeiro-ministro François Bayrou, o que faz o país entrar em um período de incerteza, sem governo e prestes a enfrentar uma paralisação nacional, convocada para quarta-feira (10).

O premiê foi derrubado por uma moção na Assembleia com 364 votos a favor e 194 contrários à sua saída. O próprio Bayrou havia convocado a votação no fim de agosto, diante da resistência a seu projeto de austeridade orçamentária para 2026.

Votaram contra o premiê os deputados da extrema-esquerda, da esquerda moderada e da ultradireita. O governo contou apenas com o centro e a direita. O resultado obriga Bayrou a entregar o cargo ao presidente Emmanuel Macron, o que deve ocorrer formalmente nesta terça-feira (9).

Terminada a votação, as atenções se voltam para a atitude que Macron tomará. Ele pode indicar um novo primeiro-ministro para formar um gabinete com o Parlamento atual; dissolver a Assembleia e convocar novas eleições; ou renunciar, o que anteciparia a eleição presidencial prevista para 2027. No Palácio do Eliseu desde 2017, Macron não pode concorrer a um terceiro mandato de cinco anos.

Em discurso na Assembleia, a líder da sigla de ultradireita RN (Reunião Nacional), Marine Le Pen, disse que convocar novas eleições legislativas "não é uma opção, mas uma obrigação" para Macron. "Este momento marca o fim da agonia de um governo fantasma", disse Le Pen. Ela previu que a crise atual servirá para "preparar a grande alternância" de poder.

Ainda não se sabe que dimensão terá a paralisação de quarta-feira, batizado como Bloquons Tout ("Vamos bloquear tudo"). A incerteza se deve à descentralização do movimento e a outra convocação de greves, para 18 de setembro, reflexo das divisões entre centrais sindicais e partidos de oposição.

Seja como for, a insatisfação da população com a crise é palpável.

François Bayrou, político centrista de 74 anos, ficou apenas nove meses no cargo de premiê, sucedendo o direitista Michel Barnier, ainda mais efêmero -três meses de governo. Os mandatos curtos são reflexo da falta de uma maioria parlamentar clara na França desde as eleições legislativas de 2024.