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Premiê do Japão renuncia ao cargo

O primeiro-ministro do Japão, Ishiba Shigeru, renunciou ao cargo para evitar uma divisão interna no Partido Liberal Democrata (PLD), do qual faz parte. O premiê sofria pressão pela renúncia desde julho, quando a legenda perdeu a maioria na Câmara Alta, o equivalente ao Senado no Brasil. O anúncio foi feito em entrevista coletiva televisionada no domingo às 18h no horário de Tóquio (6h em Brasília).

"Decidi renunciar na esperança de evitar uma situação em que o partido se dividisse", declarou Ishiba.

Com a renúncia, o primeiro-ministro deixa também a liderança do partido. Ele afirmou durante o discurso, porém, que seguirá nas suas funções até que um novo representante seja escolhido e que vai instruir o partido a fazer uma eleição emergencial.

O resultado da eleição para a Câmara Alta, decisiva para a sua saída, representou ao partido do premiê, que dominou a política japonesa dos últimos 70 anos, uma de suas piores derrotas eleitorais. No pleito, a oposição conquistou 77 assentos, chegando a 125 de um total de 248 cadeiras.

Horas após o fechamento das urnas, ele afirmou à emissora pública NHK que aceitava o "resultado severo". Quando perguntado sobre a permanência como premiê, afastou a possibilidade de renúncia e disse que estava envolvido em "negociações extremamente cruciais" com os EUA. "Não podemos jamais destruir essas negociações", disse.

Ele se referia às tarifas impostas pelo presidente Donald Trump. A ação do governo de Ishiba surtiu efeito, diminuindo a taxa de 24% para 15%, um valor importante para um país que já estava pressionado pela inflação. No discurso, Ishiba citou a negociação como saldo positivo do seu governo.

Por Victoria Damasceno (Folhapress)