Guerra com a Rússia nos planos da Otan

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Vladimir Putin deu à Otan um motivo para que a aliança militar do Ocidente chegasse aos 75 anos, em 2024, com um senso de missão.

Assim como a expansão soviética na Europa deu à luz ao grupo em 1949, pelas mãos dos Estados Unidos, a invasão russa da Ucrânia disparou alarmes que estavam silentes desde o fim da Guerra Fria, há 34 anos.

Um ano depois, a Otan se reúne novamente nesta terça (24) e quarta (25) na Haia natal de seu novo secretário-geral, Mark Rutte. O céu estará carregado por nuvens de outra guerra, entre EUA, Israel e Irã, mas o foco europeu é claro.

Poucos poderiam prever que tal clareza ocorreria sob as condições atuais: em vez de um grupo coeso em torno de Washington e na defesa de Kiev, os 30 membros europeus do clube se preparam ativamente para uma guerra contra a Rússia, e trabalham com a hipótese de fazê-lo sem os americanos.

O motivo é a volta à cena de outro personagem autocrático, o presidente Donald Trump, que não por acaso abandonou a defesa férrea da Ucrânia e abriu a porta a negociações com Putin. De quebra, o republicano entrou no conflito com o Irã com uma vontade nunca vista a Europa.

Líderes continentais falam abertamente que não é mais possível ter certeza do comprometimento dos EUA com o artigo basilar da fundação da Organização do Tratado do Atlântico Norte: a assistência mútua em caso de agressão.

O governo Trump já sugeriu isso, como notaram Rutte e outros em particular no leste e norte europeus, já admitiu isso. No último ano, Alemanha, Reino Unido e Dinamarca declararam em documentos acreditar num confronto com os russos até 2030, se não antes.

Por Igor Gielow (Folhapress)