Israel e Irã escalam guerra
Novo conflito iniciado por Israel tem gerado alto número de mortos
Por Igor Gielow (Folhapress)
O quarto dia da guerra aérea entre Israel e o Irã viu uma intensa troca de fogo ente os rivais. Mísseis iranianos mataram 8 civis e deixaram outros 100 feridos nesta segunda (16), enquanto Teerã diz que a ampliação da ofensiva de Tel Aviv deixou mais 45 mortos no país.
Antes do governo do Irã divulgar seu número de mortos, diferenciação entre objetivos militares e baixas civis estava sendo explorada pela liderança israelense. "Eu quero esclarece o óbvio: não há intenção de machucar fisicamente os moradores de Teerã como o o ditador assassino faz com residentes em Israel", disse o ministro Israel Katz (Defesa).
Há dois dias, o mesmo Katz havia afirmado que "Teerã vai queimar" devido aos ataques contra centros urbanos no seu país. Até aqui, morreram ao menos 21 pessoas em Israel na retaliação de Teerã pelo ataque de sexta (13) do Estado judeu ao rival persa - eram 22, mas o número foi revisado.
Até a noite de domingo (15) havia 224 mortos no Irã, país com dez vezes mais população que Israel. O novo balanço leva a conta a 269 pessoas, mas a menor transparência da teocracia como sociedade torna mais difícil aferir a precisão do dado.
A mudança retórica de Israel reflete o temor da perda de apoio internacional. Quando atacou o Hamas na Faixa de Gaza, depois da mega-ação terrorista de 7 de outubro de 2023 que redesenhou o Oriente Médio, o Estado judeu teve suporte sem precedente até na sempre distante Europa.
O prolongamento do conflito, a obliteração física de Gaza e a morte indiscriminada de civis mudou completamente a situação. Agora, mesmo a crítica França apoiou o ataque ao Irã, visto como indispensável para evitar que a teocracia busque a bomba atômica.
A ação de Israel vai além disso. Seu objetivo declarado é também acabar com as capacidades de longa distância de Teerã, os mesmos mísseis que trazem terror a Tel Aviv e outras regiões.
O porta-voz militar Effie Defrin disse nesta segunda que 50 caças israelenses operaram à noite contra o rival. Ao todo, afirmou, 120 lançadores de mísseis balísticos foram destruídos, ou 1/3 desse arsenal, algo que não é possível verificar.
O premiê Binyamin Netanyahu afirmou nesta segunda que está "rumando aos objetivos", apesar de relatos da agência nuclear da ONU de que não houve danos às estruturas subterrâneas da principal central iraniana alvejada por Tel Aviv.
Netanyahu diz que não tem intenção de derrubar o regime, embora afirme que esse seria um efeito colateral salutar da guerra.
Por isso atacou a cúpula militar do Irã de saída, e sistematicamente avançou sobre defesas antiaéreas, sistemas de lançamento balísticos e o programa nuclear. A eficácia dessa tática ainda precisa ser provada: há muita bruma de guerra encobrindo os fatos nesse momento.
O analista iraniano baseado nos EUA Trita Parsi disse, por e-mail à reportagem, que Israel parece ter subestimado a capacidade de reação do Irã. "Eles se reagruparam rapidamente", disse.
Para ele, o fator central para o futuro do conflito é Donald Trump. "Ou ele entra na guerra, ou acaba com ela", afirmou, ante relatos de que Israel pediu a intervenção americana.