Por Igor Gielow (Folhapress)
Donald Trump redobrou o ataque presidente da Ucrânia nesta quarta (19) e disse que Volodimir Zelenski é "um ditador sem eleições", sugeriu que Kiev desviou a ajuda americana contra a invasão russa e sugeriu que o colega aceite logo uma paz com Vladimir Putin "antes que ele fique sem um país".
A fala, a mais virulenta feito já por líder de Washington contra um aliado até anteontem dependente de sua ajuda para não perder uma guerra, foi feita por meio de uma postagem na rede controlada por Trump, a Truth Social.
Ela veio depois de uma longa entrevista coletiva na qual o ucraniano se queixou de que o americano havia "ajudado a reabilitar Putin" no cenário internacional ao ligar para o russo e abrir negociações sobre o conflito que fará três anos na segunda (24).
O motivo havia sido uma fala de Trump na terça (18), na qual ele culpou a Ucrânia pela guerra e a aliança Otan, por ter convidado Kiev a integrá-la, o principal motivo alegado por Putin para a invasão.
As conversas russo-americanas, ocorridas na terça (18) na Arábia Saudita, excluíram ucranianos e os aliados europeus de Kiev - todos sócios da Otan, o clube militar comandado desde 1949 pelos Estados Unidos, criado para a conter a Rússia então em sua encarnação União Soviética.
"Pense nisso, um comediante modestamente bem-sucedido convenceu os EUA a gastar US$ 350 bilhões, entra numa guerra que não podia ser ganha, que ele nunca deveria ter começado e que ele, sem os EUA e Trump, nunca poderia ver resolvida", disse.
Trump questiona a legitimidade de Zelenski nos mesmos termos já empregados por Putin. O mandato do ucraniano expirou em 20 de maio do ano passado, e não houve eleições porque o país está sob lei marcial desde o início da guerra.
Críticos internos de Zelenski já questionaram essa vinculação, mas Trump foi mais incisivo, ao estilo de Putin. "Ele se nega a fazer eleições, ele está em baixa nas pesquisas ucranianas, e a única coisa em que ele era bom era em enrolar Joe Biden", escreveu.
"É bom que Zelenski, um ditador sem eleições, se mova rapidamente ou ele não terá um país", disse o americano, sugerindo ainda que o ucraniano prefere seguir em conflito.