Um novo capítulo na guerra

EUA e Europa acusam Irã de fornecer mísseis balísticos à Rússia

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Por: Igor Gielow (Folhapress)

Os EUA e a UE (União Europeia) acusaram o Irã de fornecer o primeiro carregamento de mísseis balísticos de curto alcance para a Rússia empregar na Guerra da Ucrânia, como parte da parceria firmada entre os dois países.

"Estamos cientes da informação crível fornecida pelos nossos aliados", disse o porta-voz do bloco europeu Peter Stano, em Bruxelas. "Estamos investigando com nossos parceiros e, se confirmada, a entrega representa uma substantiva escalada material no apoio do Irã à guerra ilegal da Rússia contra a Ucrânia."

O alerta americano à UE foi revelado na sexta (6) pelo Wall Street Journal, citando fontes do Pentágono. Nesta segunda, a chancelaria do Irã negou a informação, mas acabou ficando na mão com a posição ambígua do Kremlin.

"O Irã é um parceiro importante, e nós estamos desenvolvendo cooperação e diálogo em todas as áreas possíveis, inclusive as mais sensíveis", afirmou o porta-voz de Vladimir Putin, Dmitir Peskov.

Depois, ele tergiversou: "Nós vimos esse relato, não é sempre que este tipo de informação é verdadeiro". Para bom entendedor, a falta de negativa clara foi eloquente.

Relatos de que os iranianos poderiam fornecer esse tipo de arma para os russos são abundantes, mas até aqui vinham sendo negados com veemência.

O tipo de armas também importa. Segundo rumores que circulam entre blogueiros militares russos e ucranianos, Teerã pode ter entregado modelos Fath-360, com alcance de cerca de 120 km. Isso liberaria Moscou para empregar seus balísticos Iskander-M, de difícil interceptação, para alvos mais distantes, até a 500 km.

Mas outras informações, citadas pela agência Reuters e ratificadas por um analista militar russo à Folha, falam no envio de modelos Fateh-110, com 300 km de alcance, e talvez o poderoso Zolfaghar, que excede em capacidade o Iskander-M, podendo destruir objetivos a 700 km.

Seja como for, a entrega avaliada pelos EUA é na casa das centenas de mísseis, o que traz uma novidade ao teatro da guerra. Os russos têm capacidade de sobra para a produção desse tipo de arma, mas o incremento na intensidade da guerra faz uma ajuda iraniana chegar em boa hora.