O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, aumentou a fritura do seu ministro da Defesa, Yoav Gallant, e deve demitir o rival político do cargo nos próximos dias, segundo relatou a imprensa do país na segunda (16). A medida faria parte de uma dança das cadeiras ministerial para que Netanyahu consiga manter o apoio de parlamentares ultraortodoxos e permaneça no poder.
Segundo o jornal Times of Israel, o principal cotado para substituir Gallant é o ex-aliado de Netanyahu Gideon Sa'ar, que fazia parte do partido governista Likud até 2020. Outra opção é tornar Sa'ar ministro das Relações Exteriores - o atual chanceler, Israel Katz, seria o novo titular da Defesa.
Gallant, militar aposentado, é rival de Netanyahu no Likud, e divergências entre os dois vem aumentando nos últimos meses. O ministro pressiona o governo a aceitar um acordo com o Hamas para libertar os reféns ainda em poder do grupo terrorista na Faixa de Gaza. Netanyahu insiste que só aceitará um cessar-fogo após a destruição completa do Hamas, um objetivo que especialistas militares dizem ser impossível a curto prazo.
Além das discordâncias políticas entre os dois, Gallant se tornou um problema para a coalizão que mantém Netnayahu no poder - o ministro da Defesa é contrário a uma lei que isenta judeus ultraortodoxos do serviço militar obrigatório. Em junho, o Supremo Tribunal de Israel decidiu que essas pessoas devem ser recrutadas assim como outros homens israelenses. Se a legislação que cria novas exceções para os ultraortodoxos não for aprovada, parlamentares desse grupo religioso podem abandonar a coalizão do premiê, implodindo o governo e forçando Netanyahu a convocar novas eleições.
Assim como Gallant, Sa'ar, cotado como seu substituto, também é um crítico contumaz do primeiro-ministro. Em 2022, ele chegou a dizer que não aceitaria um cargo no gabinete de Netanyahu, afirmando que seria um governo que "sobreviverá apenas por meio de negociações políticas e não será focado no bem-estar da população. Não faremos parte disso."
O possível novo ministro da Defesa, assim como Netanyahu, também é contrário à solução de dois Estados para o conflito e a favor da anexação formal da Cisjordânia ocupada, expulsando os palestinos para a Jordânia e reduzindo a Faixa de Gaza.