Por Igor Gielow (Folhapress)
Ao menos 51 pessoas morreram e 210 ficaram feridas em um dos mais mortíferos ataques da Guerra da Ucrânia. Elas estavam no prédio do Instituto de Comunicações de Poltava (leste do país), que foi atingido por um ou dois mísseis balísticos russos, segundo o presidente Volodimir Zelenski.
O ataque ocorreu na terça (3), acrescentando um saldo mórbido à escalada da guerra aérea entre russos e ucranianos, registrada a partir do começo da semana passada.
Até aqui, o maior número de mortos em um bombardeio contra uma única localidade na guerra havia ocorrido não muito longe dali, na estação de trem de Kramatorsk, com 61 vítimas em 2022. Naquele caso, o míssil era de artilharia, de um modelo usado tanto por separatistas pró-Rússia quanto por Kiev, o que levou a acusações de autoria.
O Ministério da Defesa da Rússia ainda não comentou o incidente, mas sua resposta padrão é a de que mira alvos militares ou estratégicos, e não civis. Mais cedo, a pasta havia divulgado ter lançado um ataque coordenado contra alvos da infraestrutura ferroviária dos ucranianos.
Ao longo da madrugada da terça, os russos haviam lançado 35 drones contra a Ucrânia, 27 dos quais Kiev disse ter derrubado. Também foram empregados quatro mísseis de modelos não determinados, e não está claro se isso inclui os que segundo Zelenski atingiram Poltava.
A cidade fica entre Krementchuk, importante ponto de Donetsk, e Kharkiv, a capital da província homônima mais a nordeste. Os outros ataques haviam matado duas pessoas em Zaporíjia e uma em Dnipro.
Zelenski publicou um vídeo no qual disse ter "aberto uma investigação" sobre o ocorrido, mas não falou sobre a hipótese levantada por blogueiros militares russos de que o prédio possa ter sido atingido por engano pela defesa antiaérea ucraniana.
A campanha russa havia começado a escalar na semana passada, com três ataques que incluíram a maior ação do tipo na guerra. Os ucranianos revidaram com o maior número de drones lançados contra o território russo no domingo (1), e já na segunda (2) Moscou voltou à carga.
O incidente eleva a pressão de Kiev sobre parceiros ocidentais para o fornecimento e autorização de uso dentro de alvos na Rússia de mísseis de longa distância.