EUA teme ataque nuclear
Biden teme que Rússia, China e Coreia do Norte façam ataque coordenado
Por Igor Gielow (Folhapress)
O presidente dos EUA, Joe Biden, aprovou a revisão da estratégia de defesa nuclear do seu país considerando pela primeira vez o risco de um ataque coordenado da China, Rússia e Coreia do Norte com armas atômicas. A informação é do The New York Times. Segundo o jornal, Biden assinou o documento secreto em março. Uma versão editada da chamada Orientação de Emprego Nuclear será divulgada ao Congresso antes do fim do mandato do democrata, em janeiro.
O guia é atualizado de quatro em quatro anos, e é tão secreto que dele só há algumas cópias físicas, não eletrônicas. Recentemente, duas autoridades da área de segurança nacional indicaram que a revisão estava em curso.
Um deles, Vipin Narang, disse no começo do mês: "O presidente recentemente atualizou a orientação de emprego de armas nucleares para dar conta de múltiplos adversários armados nuclearmente", disse, ressaltando a "variedade e o crescimento" do arsenal chinês.
Em junho, o diretor de não proliferação do Conselho de Segurança Nacional, Pranay Vaddi, afirmou que a revisão contempla "a necessidade de dissuadir a Rússia, a China e a Coreia do Norte simultaneamente".
A preocupação não é nova, e emerge da realidade geopolítica desde que Donald Trump lançou a Guerra Fria 2.0 contra Pequim em 2017. O que começou como uma disputa comercial hoje redesenha o mapa do balanço de poder mundial, com blocos de países se formando em torno dos polos rivais na China e nos EUA.
O Pentágono já havia alertado anteriormente sobre a necessidade de prever uma guerra contra os maiores parceiros militares nessa contenda, Moscou e Pequim. Há alarmismo interessado também: o temor garante o maior dispêndio militar da história do pós-guerra, poupando por exemplo o criticado programa de novos mísseis intercontinentais americanos, os Sentinel.
Agora, um sócio minoritário no clube surge na figura do ditador Kim Jong-un, que assinou há dois meses um pacto de defesa mútua com Vladimir Putin.
O risco presumido maior é o de combates teoricamente limitados: nenhum país tem capacidade de se defender contra um ataque maciço com mísseis.
