Centenas de manifestantes invadiram a residência oficial da primeira-ministra de Bangladesh, Sheikh Hasina, nesta segunda-feira (5), após a imprensa local afirmar que a líder havia renunciado e deixado o país em meio a uma onda de protestos. Após os relatos nos jornais, o comandante do Exército de Bangladesh, Waker-Uz-Zaman, confirmou a renúncia em uma mensagem à nação exibida pela televisão estatal. "Vamos formar um governo provisório", declarou o general.
O número de mortos nos confrontos em Bangladesh aumentou para 300 desde julho, quando começaram as manifestações. Somente no domingo (4), 94 pessoas morreram, dia mais violento da jornada de protestos. O número é baseado em relatórios da polícia, autoridades e médicos dos hospitais que recebem as vítimas.
Antes da renúncia, no domingo, um respeitado ex-chefe do Exército exigiu que o governo retirasse as tropas e permitisse os protestos. "Pedimos ao governo em exercício que retire imediatamente as Forças Armadas das ruas", disse Ikbal Karim Bhuiyan em uma declaração conjunta com outros ex-membros de alto escalão, condenando "assassinatos atrozes, torturas, desaparecimentos e detenções em massa".
No canal bengali Channel 24, foi possível ver uma multidão entrando na residência de Sheikh Hasina. Há cenas de pessoas derrubando móveis e quebrando portas de vidro.
O jornalista Yeasir Arafat, que estava dentro do Palácio de Ganabhaban, residência oficial do chefe de governo, disse à agência de notícias AFP que havia mais de 1.500 pessoas no local. "Estão quebrando móveis e vidros", afirmou.
Os protestos no mês passado começaram depois que grupos de estudantes exigiram o fim de um controverso sistema de cotas em cargos públicos.
Após as manifestações, a Suprema Corte do país determinou, no final de julho, que 93% dos empregos públicos de Bangladesh deveriam ser abertos a candidatos por mérito, 5% das vagas se destinariam às famílias dos combatentes, e os 2% restantes atenderiam pessoas com deficiência e outros.
"O governo matou muitos estudantes. Chegou a hora da resposta final", disse o coordenador do protesto, Asif Mahmud, em comunicado no Facebook na noite de domingo.