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Duelo silencioso na Rússia

Opositor morreu em prisão, após supostamente cair durante caminhada | Foto: Reprodução

Um pequeno mas constante grupo de ativistas e a polícia russa travam um silencioso duelo em volta do túmulo de Alexei Navalni, morto no dia 16 de fevereiro em circunstâncias não explicadas na cadeia em que cumpria mais de 30 anos de pena, no Ártico.

Ao contrário da agitação dos primeiros dias após Navalni, aos 47 anos de idade, cair morto supostamente durante uma caminhada, o clima é de consternação e vigilância em Borisovskoie, um pequeno cemitério num canto escondido do sul de Moscou.

Nos 60 minutos em que a reportagem permaneceu no local, na tarde desta quarta-feira (13), 26 pessoas passaram pelo local, a maioria deixando solitárias flores em torno da lápide do mais famoso opositor de Vladimir Putin, que irá ser reconduzido à Presidência pela quinta vez no pleito que começa em dois dias.

Uma foto de Navalni é cercada de bilhetes e muitas flores, junto à entrada do cemitério, com uma bem evidente câmera de vigilância logo acima do local. Dois policiais com jaquetas camufladas caminham aleatoriamente entre os ativistas, fumando cigarros e falando ao celular.

Logo depois da morte do opositor, mais de 400 pessoas foram presas por fazer a mesma homenagem: depositar flores, inicialmente em monumentos às vítimas da repressão soviética em várias cidades, depois em Borisovskoie. Agora, o silêncio impera.

Irina, única que aceitou conversar rapidamente com a Folha de S.Paulo, disse que Navalni morreu em vão, mas nem por isso deixaria de homenageá-lo. E o medo de ser presa? "Isso pode acontecer em qualquer lugar", afirmou ela, que vai abster-se de votar na eleição que se desenrolará em inéditos três dias, de sexta (15) a domingo (17).

Por: Igor Gielow (Folhapress)

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