É preciso passar por três pontes feitas de tábuas, pequenas casas de madeira distantes umas das outras e uma senhora lavando roupa dentro de um riacho para chegar ao local onde está sendo erguida Silica City. A cidade é uma promessa do governo da Guiana de um novo centro urbano "inteligente" e movido a energia limpa.
Não há qualquer sinalização ou propagandas, mas a população do pequeno vilarejo de Kuru Kururu, situado nas redondezas, sabe apontar a direção. Um operário no caminho de volta para a casa diz apenas para seguir em frente até avistar escavadeiras.
Lá, nenhum tapume delimita ou protege o canteiro de obras, por enquanto um punhado de ruas de terra cercadas por canaletas. Também não há placas apontando os responsáveis ou os custos da obra ou que ela é tocada pelo governo.
Na tarde de quinta-feira em que a Folha visita o local, vê poucos caminhões e funcionários. Mas Silica City é ali mesmo, garante Alfredo, um venezuelano que diz trabalhar no projeto há cerca de um ano, pilotando veículos e máquinas da construção civil.
Em fevereiro do ano passado, o governo anunciou a assinatura de contratos no valor de cerca de US$ 10 milhões (R$ 49 milhões) para a fase inicial do que o ministro da Habitação guianense, Collin Croal, chama de mega projeto. Mas o crédito pela ideia da cidade é do presidente do país, Irfaan Ali, de quando ele era o titular da pasta, em 2013.
A reportagem não encontrou moradores no entorno imediato de Silica City. A assessoria do presidente afirmou que o líder estava com a agenda cheia demais e portanto não concederia entrevista para discutir o evento.
Por: Guilherme Botacini (Folhapress)