EUA vetam texto brasileiro

Resolução do Brasil sobre o conflito teve 12 votos favoráveis

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EUA disseram que fazem diplomacia no campo ao justificar veto

O Conselho de Segurança das Nações Unidas rejeitou ontem uma resolução proposta pelo Brasil, na qualidade de presidente do órgão, sobre o conflito entre Israel e o grupo terrorista Hamas. Houve 12 votos favoráveis, mas os EUA, que historicamente blindam Israel no conselho, vetaram a resolução.

A Rússia, que havia apresentado sua própria resolução e tentado fazer duas emendas ao texto brasileiro — que propunha que uma pausa humanitária fosse estabelecida em Gaza para socorrer milhares de civis — se absteve, assim como o Reino Unido.

A embaixadora americana na ONU, Linda Thomas-Greenfield, justificou seu voto contrário à resolução pela ausência de uma afirmação do direito de Israel de se defender. "Não poderíamos apoiar essa resolução", afirmou ela, dizendo ainda que o país está fazendo "diplomacia em campo", citando a viagem do presidente Joe Biden a Israel nesta quarta.

"Nós estamos em campo fazendo o trabalho duro da diplomacia", afirmou. "Nós acreditamos que precisamos deixar essa diplomacia se desenrolar."

Diante da crescente pressão sobre o conselho para que reaja à escalada da violência, e do apoio majoritário ao texto brasileiro, o custo político do veto recai sobre os EUA. A posição de Washington não foi uma surpresa, diante do apoio contínuo do país a Israel no conselho, e os americanos vinham pressionando pelo adiamento da análise da resolução -que inicialmente deveria ter sido votada na segunda- justamente para não ter que se expor e vetar.

Os EUA agora terão dez dias úteis para justificar seu veto diante da Assembleia-Geral das Nações Unidas, onde poderão ser questionados pelos outros países -inclusive pela representação palestina.

Por: Fernanda Perrin (Folhapress)