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'Abandonados pelo mundo'

Região da Armênia foi atacada pelo Azerbaijão | Foto: Reprodução

As negociações para detalhar a absorção do enclave armênio étnico de Nagorno-Karabakh pelo Azerbaijão começaram na quinta sob um clima de consternação da liderança da região, que passou 32 anos como um ente autônomo após o fim da União Soviética.

"Karabakh foi largada sozinha: os pacificadores russos praticamente não cumprem suas obrigações, o Ocidente democrático virou as costas, assim como a Armênia", afirmou David Babyan, assessor do presidente da autoproclamada República de Artsakh, como os armênios chamam a região encravada em território azeri.

Uma delegação de Nagorno-Karabakh reuniu-se com representantes do presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev, na cidade azeri de Ievlakh. Segundo Babayan, ela recebeu um ditado genérico com os termos para o desarmamento da região e os passos para sua integração com o país que a cerca. "Temos um acordo de cessar-fogo, mas esperamos um acerto final".

Ofuscada pela Guerra da Ucrânia, a questão de Nagorno-Karabakh foi resolvida "manu militari" em apenas 24 horas, encerrando 32 anos de disputas que resultaram em duas guerra, um de 1992 a 1994 com vitória armênia e conquista de áreas em volta da região e outra, em 2020, com a retomada dos territórios pelos azeris.

Baku violou o cessar-fogo do conflito de 2020, mediado pela Rússia e mantido por uma força de paz de 2.000 soldados de Moscou, e bombardeou posições militares e equipamento em Nagorno-Karabakh. O Kremlin ficou imóvel, deixando isolado o premiê armênio, Nikol Pashinyan, desfeto de Vladimir Putin.

Sem condições de reagir e com a evidente falta de apoio de Moscou e Ierevan, os armênios étnicos capitularam, com talvez 200 mortos na conta da ação. Aliyev foi à TV proclamar vitória final e a conquista da região, enquanto Putin tratou o caso como caso consumado.

Isso sinaliza um enfraquecimento da posição relativa de Moscou na região, após séculos de comando contra os rivais turcos e persas. Por; Igor Gielow/ Folhapress