Por: Sérgio Cabral*

Juros

O Brasil tem a triste posição de segunda nação com os juros básicos mais altos do mundo. Atrás apenas da Turquia | Foto: Fecap

A política de juros no Brasil é complexa, como também em qualquer outro país que busca, de forma responsável, controlar a inflação.

A inflação é a maior inimiga de uma economia estável. Corrói o poder aquisitivo dos mais pobres e da classe média. E o principal instrumento que os bancos centrais utilizam para o controle inflacionário são os juros básicos da economia. Os juros que irão remunerar os compradores de títulos da dívida interna. Sobre os juros básicos há ondas de juros e mais juros que vão desde os mais palatáveis oferecidos a setores como o agronegócio, ou os ofertados pelo BNDES para determinados setores. E juros absurdos como os dos cartões de crédito e dessas financeiras que extorquem as pessoas desesperadas por algum tipo de financiamento.

A taxa Selic ( Sistema Especial de Liquidação e Custódia), é a taxa básica de juros da economia brasileira e serve como principal instrumento do Banco Central do Brasil para controlar a inflação.

O Brasil tem a triste posição de segunda nação com os juros básicos mais altos do mundo. Atrás apenas da Turquia.

Juros altos impedem o crescimento consistente de uma nação. Não há ser humano, empresa e governos que gerem crescimento e prosperidade sem crédito. Crédito é a alma do capitalismo. Mas crédito civilizado. E não crédito que se torna um estorvo para o tomador da dívida.

Há um quente debate permanente sobre o tema: cortar os juros para expandir a economia e correr o risco inflacionário ou mantê-los em níveis altos para evitá-lo? A meta do Banco Central para esse ano é de 3% com tolerância de 1,5%, isto é, até 4,5% ao ano.

Os mais ortodoxos exigem rigor fiscal para combater o déficit fiscal, já os heterodoxos acham isso uma balela que aprisiona o crescimento brasileiro. O presidente Lula e seu ministro da Fazenda, Fernando Haddad, têm comandado a economia do Brasil com sucesso. Sobretudo por terem assumido o governo, em janeiro de 2023, com uma herança de expansão fiscal absurda, consequência da COVID e dos gastos com viés eleitoral de 2021/22 do governo Bolsonaro. Controlaram a inflação e o país teve seu crescimento do PIB, Produto Interno Bruto, de 3,2% em 2023 e 3,4% em 2024, um resultado superior às previsões iniciais feitas melo mercado financeiro. Entretanto, precisamos crescer mais e distribuir com justiça a prosperidade advinda do crescimento. O Brasil é um país desigual e injusto. Só há o caminho da redução dos juros para que o setor industrial, de serviços e do agro expandam com força seus segmentos. Como decorrência dos juros baixos seguem a geração de empregos para a população e de receitas para o poder público.

Acredito que o Conselho Monetário Nacional caminha para a redução dos juros. O nível de inadimplência das pessoas físicas e jurídicas se encontra em patamares insuportáveis. Os juros são impagáveis em muitos casos.

Os governos municipais, estaduais e federal têm deveres de casa a ser realizados na contenção e racionalização dos gastos. Os governos precisam investir mais e diminuir seus custeios e suas folhas de pagamento. Tudo com racionalidade, e sempre tendo a justiça social como a principal finalística.

Minha experiência como governador foi nessa direção. Buscamos o equilíbrio fiscal, conquistamos o "grau de investimento" das agências de risco, e, consequentemente, fizemos os maiores investimentos da história do estado do Rio desde a fusão.

Peço a Deus que o Conselho Monetário Nacional reduza paulatinamente a taxa Selic. Sem juros baixos não haverá crescimento consistente do Brasil.

*Jornalista. Instagram: @sergiocabral_filho