O filme mergulha na vida de sua protagonista em um momento crucial de mudança. Após um divórcio e a partida de sua filha para a Argentina, a personagem principal, Beatriz (interpretada por Giovanna Antonelli), enfrenta uma encruzilhada existencial. A trama, embalada pela leveza típica das comédias românticas, oferece momentos divertidos e engraçados, proporcionando um alívio cômico ao espectador. No entanto, a abordagem adotada pelo filme muitas vezes se assemelha mais à televisão do que ao cinema.
Baseado no livro "Apaixonada aos 40", de Cris Souza Fontês, o filme busca explorar o universo das mulheres divorciadas precisando se reinventar após a emancipação dos filhos. Embora seja um tema comum em produções internacionais, especialmente no Brasil, onde obras como "Os Homens são de Marte... E é pra lá que Eu Vou!" e "Minha Vida em Marte" já foram bem-sucedidas, "Apaixonada" não consegue aprofundar-se de maneira satisfatória nessa narrativa.
O roteiro, escrito por Ana Abreu e Sabrina Garcia com colaboração de Rodrigo Goulart, não oferece uma atenção significativa à síndrome do ninho vazio, abordando superficialmente as crises enfrentadas por Beatriz. A participação do ex-marido, Alfredo (interpretado por Danton Mello), é inconsistente, retratando-o de forma mecânica e esquemática. A falta de profundidade na construção dos personagens, aliada à montagem apressada, compromete a experiência do espectador.
A protagonista, Beatriz, interpretada por Giovanna Antonelli, é apresentada de forma imprecisa, baseada em lugares-comuns sobre autovalorização feminina. A trama, conduzida de maneira previsível, falha em criar engajamento emocional com o público, apresentando figuras e situações modelares que carecem de credibilidade.
A linguagem televisiva adotada, evidente no uso frequente de planos contra planos e closes, além da falta de desenvolvimento dos personagens, aproxima "Apaixonada" mais da TV do que do cinema. A quebra da quarta parede, embora presente, não é explorada de maneira eficaz, deixando uma sensação de incompletude.
Em resumo, "Apaixonada" apresenta elementos típicos das comédias românticas, mas falha em explorar plenamente seu potencial cinematográfico. A falta de profundidade na construção dos personagens, aliada à montagem apressada, prejudica a experiência do espectador, deixando a sensação de que o filme não alcança sua plenitude, apesar dos momentos divertidos que oferece.
Nota: 8/10