Polêmica para cachorro

Cães dados por Kim Jong-un viram problema na Coreia do Sul

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Cachorrinhos viraram problema na Coreia do Sul

Em 2018, o líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, presenteou o então presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, com dois cachorros da valiosa raça Pungsan. Era um sinal da retomada do diálogo entre Pyongyang e Seul e seguia um raro encontro entre os líderes dos dois países. Hoje, quatro anos depois, a relação entre as nações vizinhas é a oposta: enquanto as tensões militares na região aumentam, até os cães doados viraram alvo de discussões.

Na segunda (7), Moon disse que planeja entregar o par de cachorros para o governo em Seul, citando pressões do atual presidente sul-coreano, Yoon Suk-yeol. Após a troca de governo, em maio, os cães, Gomi e Songgang, foram levados para a casa de Moon, conhecido por gostar de animais. Ele tem outros quatro cães e três gatos. Acontece que o atual governo não considera que o presente de Kim foi especificamente destinado ao ex-presidente sul-coreano. No país, mimos enviados por outros líderes são classificados como propriedade do Estado, inclusive cães.

Quando saiu do poder, porém, Moon teria discutido a legalidade da questão com o Ministério do Interior, que, segundo ele, o garantiu que levasse os dois cachorros para casa -uma decisão sem precedentes. Além disso, a mídia local destaca que o ex-presidente recebe do Estado cerca de 2,5 milhões de won (R$ 9.183) por mês para cuidar dos animais.

Para facilitar o processo, agências estatais tentaram aprovar uma emenda sobre o tema, incluindo apoio financeiro. Mas a discussão foi travada pela oposição do atual governo, classificada como "inexplicável" pela equipe de Moon. "O gabinete presidencial parece ser negativo em confiar a gestão dos cães Pungsan ao ex-presidente", escreveu o gabinete de Moon no Facebook. O escritório de Yoon, por outro lado, negou influência do governo sobre o tema e disse que as agências seguem discutindo a questão.

Independentemente do fim desta batalha, a disputa pelos cães é simbólica. Isso porque historicamente cachorros são símbolos do descongelamento dos laços as duas Coreias. Em 2000, o então líder Kim Jong-il deu dois filhotes de Pungsan para o presidente Kim Dae-jung. O sul-coreano, por sua vez, retribuiu com dois cães chamados Paz e Reunificação.