Por: Affonso Nunes

Uma escritora louca da cabeça (pelo Fluminense)

Patrícia Bahiense na arquibancada do Maracanã com Jacks Jacaré, um de seus personagens infantis | Foto: Arquivo Pessoal

Nas arquibancadas a torcida tricolor cana a plenos pulmões: "Fluminense vai jogar/ Eu vou ficar/ Louco da cabeça/ Nada me interessa"! Assim como o representante do Brasil na Libertadores é do bairro de Laranjeiras, na Zona Sul do Rio de Janeiro, que a escritora Patricia Bahiense extrai sua mais nova inspiração. Com uma trajetória voltada para livros infantis, a autora decidiu abrir o coração em sua primeira obra que fala de uma paixão em verde, branco e grená: "Histórias de uma tricolor de vários corações”.

No livro, Patrícia revela um amor que contagia, que agrega e realiza sonhos. O trabalho reúne histórias que perpassam desde a infância da autora, até sua grande imersão no clube, quando foi à imponente sede do Fluminense em 2009 para uma entrevista voltada a um de seus projetos acadêmico.

Em meio a expectativa para a final da Libertadores, que será realizada neste sábado (4) contra o Boca Juniors, a fã de carteirinha anseia ver o time conquistar o título e pelo dia em que vai conhecer seu maior ídolo, o ex-jogador e hoje dirigente Fred.

“Passei um verdadeiro perrengue para acompanhar ele quando deixou os campos. Parecia que meu coração ia saltar pela boca. Sabe quando tudo dá errado? Até ser barrada no estádio pela roupa, eu fui. Mas com bom humor e insistência, consegui entrar e ver tudo. Sabe aquela pessoa que é louca por algo e não tem limites? Sou eu pelo Fluminense! Até meu marido, que também é torcedor, fica me perguntando constantemente: ‘você não vai parar com isso não?’. Mas como parar com o que a gente ama?”, argumenta Patrícia.

Ao longo de sua vida, a carioca que chegou a ser considerada “pé frio” pela família, repleta de fanáticos pelo Tricolor reuniu uma série de histórias e “causos” para realizar o sonho de estar perto dos jogadores, equipe e técnicos do Fluminense.

“Em casa isso sempre foi uma tradição nossa, nos reuníamos para ir ao estádio, nossas festas eram inspiradas no Fluminense e esse sempre foi um assunto muito presente na rotina familiar. Em 1995, na final do Carioca, chegaram a ir todos para ver a partida no clube do condomínio e me deixarem em casa apreensiva. Nunca vou esquecer daquele gol de barriga do Renato Gaúcho. E as mulheres da família não perdem em nada para os homens quando o assunto é a torcida, viu? Acreditem se quiserem, mas até mudar o time do meu pai, que torcia para o Madureira, a minha mãe conseguiu fazer. O Fluminense é a nossa vida”, explica Patrícia.

Apesar de Patrícia não ter conhecido pessoalmente seu ídolo, o ex-camisa 9 tricolor, as aventuras em sua vida para alcançar o ídolo foram inúmeras. Sua principal lembrança é uma foto, que foi feita em um dos treinamentos, além de um aceno que recebeu do craque. “Eu tenho esse registro guardado até hoje. Tenho certeza que ele me olhou! Hoje como ele está mais recolhido, não consegui vê-lo, mas tudo que posso eu faço para realizar esse sonho. O Fred, sem dúvidas, foi uma das grandes inspirações para essa obra”, explica.

Patricia Bahiense é carioca, tem 47 anos, é casada e tem uma filha. Em 2023, comemora os 15 anos de seu primeiro personagem, Jacks Jacaré e para isso, resolveu lançar o volume 2, "Jacks Jacaré e o Tesouro Perdido". Além do Jacks, ainda possui “Uma Historinha Torta” (2016) e “O segredo do teatro abandonado, lançado na Bienal do Livro em 2021.

Abaixo, alguns trechos deste diário de uma torcedora louca da cabeça:

JACARÉ TORCEDOR

O personagem que faz parte de seu principal livro também é alvo de questionamentos por parte de quem conhece a escritora. “Sempre que faço apresentações nas escolas, as crianças perguntam qual o time do Jacks. Respondo rapidamente! Ano passado, entrei na loja do Flu na Barra e disse aos vendedores: ‘Preciso de uma camisa para o meu jacaré!" Dito e feito! Jacks está devidamente uniformizado”.

ENTREVISTA SEM PERGUNTA

Em 2009, ao ir até o clube para realizar perguntas de um projeto estudantil realizado com seus alunos, a autora se deparou com Thiago Neves, que a recebeu para uma entrevista. Sem conseguir falar, com a emoção de encontrá-lo, ela apenas agradeceu e recebeu um autógrafo. Ao exibir o trabalho na escola, com as crianças responsáveis pelas perguntas, a grande surpresa: “Tia, você entrevistou o Thiago Neves?”, disparou um dos alunos. “Eu gaguejei, completamente sem jeito, como na hora da entrevista e disse: Bem, foi quase isso! Ele não perguntou mais nada. Ainda bem!”, conta a autora.

MARIDO PERDIDO NO DESEMBARQUE

Ao buscar o marido no Aeroporto do Galeão, quando ele trabalhava na Bahia, a escritora descobriu que o Fluminense estava regressando de uma partida disputada no exterior pela Copa Libertadores. “O quê??? Não saio daqui nem morta!”, detalha. ““Cadê você? Estou aqui, na saída do desembarque”, queixou-se o companheiro ao ligar para ela. “Amor, qual terminal você está?”, questionou Patrícia, descobrindo que estava no local errado. 'Meu Deus, estou no 2. Mas não saio daqui nem que a vaca tussa, porque o time do Flu está desembarcando agora. Vem andando!' Coitado! Ele foi andando até o Terminal 2 e o avistei na escada rolante. O time estava saindo. Vi o Fred, Conca e o He-man (Rafael Moura). Mas quem parou para tirar fotos e dar entrevista foi o goleiro Ricardo Berna”, relata.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.