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No Brasil, nova geração do Breaking é promessa de medalhas nas Olimpíadas de Paris

Redação

Os Jogos Olímpicos de Tóquio chegaram ao fim. Em cerimônia sem público no Estádio Olímpico, o evento, que celebrou a diversidade em meio a pandemia, teve como vencedores os Estados Unidos, que viraram no último dia e terminaram com 39 ouros, um a mais do que a China. O Japão terminou em terceiro, com 27. O Brasil ficou em 12º, com 7 ouros e 21 pódios no total. A cerimônia começou com seis pessoas carregando a bandeira do Japão. Entre eles, uma moça com deficiência na perna e uma B-Girl, atleta de Breaking, esporte que está  no programa olímpico de Paris-2024. O bastão foi passado para as Paralimpíadas e para os Jogos da França. 

E como será o futuro? O Breaking agora se torna a bola da vez! Se Paris, a Cidade Luz, é uma festa, o ritmo predominante de 2024 será o Hip-Hop. E o diálogo com a juventude deve aumentar ainda mais, culminando em pódios cada vez mais dominados pela nova geração. No Brasil, enquanto o Skate tem uma fadinha de 13 anos, o Breaking  tem um anjo de apenas 11: a B-Girl Angel do Brasil, uma menina paulista que tem sido destaque nos eventos nacionais e internacionais e também na grande imprensa. Junto do irmão, que também é um destaque, B-Boy Eagle, de apenas 14 anos, outro nome bem conhecido dentro da cultura que virou esporte, a dupla paulista faz parte da Dream Kids Brazil e são promessas nos Jogos da Juventude de 2026 e nas próximas duas Olimpíadas.

Essa turminha pode ser pequena na idade, mas é grande no talento, na persistência e no foco, e já vêm escrevendo história ao conquistarem prêmios nacionais e internacionais. Chaya Gabor (11), conhecida como B-Girl Angel do Brasil, é dona de uma personalidade bem forte. Para ela, o Breaking não é um hobby, mas sua vida. A jovem começou a dançar muito cedo, com apenas três anos. Guerreira desde que o primeiro dia, quando nasceu prematura extrema de 850 gramas, a menina, que é carinhosamente chamada por seu treinador de "Senhorita Power Move", pelo talento nato em assimilar os movimentos acrobáticos, foi a primeira criança na história do Prêmio Sabotage a ser finalista, no evento feito pela Câmara Municipal de São Paulo e participou de eventos como: Rival Vs Rival (SP), Breaking Combate (SP), BreakSP Battle, Streetopia, chegou a semi-final no Quando as Ruas Chamam (DF), 2º lugar no Tattoo Experience (SP), 1° lugar na Batalha Final, evento mais tradicional e conhecido do Breaking brasileiro, sendo também a primeira criança a chegar e ganhar o 1º lugar na final do evento na categoria Kids, que foi no Shopping Tatuapé, onde também ficou em terceiro entre as B-Girls adultas. Angel também foi 1° lugar na Quebrada Viva Battle, em dupla, 1º lugar no All Dance Brasil.

Em 2020, mesmo durante a pandemia, participou do evento mundial E-FISE Montpellier na França, se destacando no cenário mundial e colocando o Brasil em 2º lugar. Sendo ranqueada pelo evento internacional entre as 6 melhores B-Girls Kids. Agora, em 2021, B-Girl Angel do Brasil foi indicada para receber o Troféu Arte em Movimento, que é uma das maiores premiações do Hip-Hop em São Paulo. Sobre as Olimpíadas, ela fala: "eu quero trazer o ouro para o meu país! Meu sonho é representar as mulheres da Cultura Hip-Hop nas Olimpíadas, também representar as B-Girls de todo o mundo e lembrar a todos que o lugar da mulher é onde ela quiser!”.

B-Girl Angel se prepara para os Jogos da Juventude em 2026 e para as Olimpíadas de 2028, em Los Angeles, quando já terá idade correta para participar. 

Já B-Boy Eagle começou a dançar com 5 anos. Seu primeiro contato com a dança foi por meio do Sapateado, sua referência inicial na dança foi Michael Jackson e Fred Astaire. Depois conheceu o Breaking e desde então jamais se separou dele. Esteve presente em diversos eventos nacionais como: "Batalha Final" durante a Virada Esportiva SP, onde ganhou o Kids, Rival vs Rival, Quando as Ruas Chamam, em Brasilia, Break SP. No Arena Breaking Kids, onde ganhou o 1º lugar, Festival Santo Ângelo de Dança em 2020, onde ficou com o 1º lugar, sendo também dançarino revelação do evento. 1º lugar no "Quebrada Viva Battle kids", 2º lugar na International Kids Battle do Expo Hip-Hop e 1º lugar no Dancers4Life. Fora do Brasil, foi destaque no Festival Norte em Dança, em Portugal, onde tirou o 1º lugar ganhando vaga no Waves Competition in Belgium and the Netherlands, Festival Mundial B de Dança, em Braga, Portugal onde conquistou o 2º lugar, competiu também na Porto World Battle, ficando no Kids entre os 16 melhores do mundo. Em 2021, 1º lugar no All Dance International, que aconteceu nos EUA. E também foi destaque no evento Danzart, da Espanha, o que lhe rendeu uma vaga na final mundial que acontece ainda esse ano, em dezembro. B-Boy Eagle está entre as 5 crianças brasileiras que mais representa o país nos campeonatos internacionais.

O preparo acontece durante treinos diários que nunca pararam, nem na pandemia, e que levam até 5 horas. Também cuida da alimentação, que deve ser saudável e regrada. Ele gosta da ideia de ser considerado mais do que dançarino. “O Breaking tem que virar esporte. Vai ser mais conhecido, os dançarinos vão virar atletas”, diz Yeshua, vulgo B-Boy Eagle. Sobre as Olimpíadas, ele fala: "É um objetivo! Estou me preparando desde pequeno para esses grandes eventos, é uma ótima oportunidade! No tempo certo, quero entrar numa companhia de dança internacional, pretendo morar fora, dar o meu melhor e ser orgulho para minha família e para o meu país", conclui o atleta. 

Do outro lado, José Ricardo Freitas Gonçalves, 53, mais conhecido como "Rooneyoyo O Guardião", é veterano no circuito. Ele é Presidente da Confederação Brasileira de Breaking, criada dois anos após o COI reconhecer, no fim de 2016, essa dança como esporte. Tóquio não quis incluí-la na programação, Paris já viu vantagem. O status olímpico emplacou manchetes, mas a verdade é que dentro do segmento ele não é unânime, diz ele. Quando descobriram por meio da mídia, cinco anos atrás, “a possibilidade de virar modalidade”, alguns B-Boys e B-Girls (homens e mulheres praticantes do Breaking) encanaram. “Deu um remelexo. Uns contra, outros a favor. Foi bem turbulenta essa época”, conta Rooneyoyo. “Ainda tá meio confuso na cabeça deles o que é cultura e o que é esporte, é uma linha bem tênue”, diz o dançarino que deu suas primeiras manobras em 1983, na 24 de Maio, rua do centro paulistano onde na época fazia um curso de datilografia.

Para Eder Devesa, formado em Educação Física e Marketing Esportivo, coach e preparador físico da nova geração, inclusive do B-Boy Eagle e da B-Girl Angel do Brasil, o Breaking é uma dança e nunca vai deixar de ser, com características também de esporte, são dele as palavras: "O Breaking é um esporte cultural". 

O Comitê Olímpico Internacional (COI) entendeu também dessa forma a dança que também é esporte e tomou a decisão de criar uma estratégia de se comunicar com jovens urbanos que se exercitam e se entretêm de uma maneira muito diferente dos seus avós. É preciso ter apelo para essa garotada, que não vai ligar a televisão, ou o YouTube, para assistir à íntegra da competição de Pentatlo moderno. O Breaking, cumpre essa função. E, se pensarmos bem, sua essência não é muito diferente da Ginástica Artística, do Nado Artístico ou dos Saltos Ornamentais, com a diferença, importantíssima, de que o Breaking é, como o Atletismo, o Hipismo, a Vela ou a Natação, uma atividade física natural. Se os Jogos Olímpicos já têm competições de manobras sobre prancha, sobre skate, sobre bicicleta, embaixo da água, saltando de uma plataforma, com maças, fitas e arcos, e até em cima de um cavalo com alças, por que não em uma pista de dança? A próxima Olimpíada está programada para acontecer entre os dias 26 de julho até 11 de agosto, em 2024, em Paris, a grande capital francesa que reúne elegância, beleza e muita história, como a sede, escolhida pelo COI, o Comitê Olímpico Internacional, grande responsável por determinar todas as decisões envolvendo os Jogos. O evento vai ser realizado ao longo do Rio Sena, local que receberá a Vila Olímpica, a apenas 15 minutos do centro de Paris até pontos de referência como a Torre Eiffel e o Grand Palais.

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