Caio Bonfim: herói nacional
Caio Bonfim rompeu o preconceito contra a marcha atlética
Por Beatriz Cesarini (Folhapress)
Caio Bonfim emocionou o Brasil ao conquistar a primeira medalha olímpica da marcha atlética do país. A prata nos 20 km nas Olimpíadas de Paris 2024 mudou a imagem da modalidade, muitas vezes tratada com preconceito. Em entrevista à reportagem, Caio celebrou o aumento do número de praticantes de marcha atlética, além da abertura de portas graças à conquista em Paris, e contou sobre os projetos de curto, médio e longo prazo que tem planejado em prol da modalidade. O marchador quer que a medalha gere conquistas para outros atletas.
"A vida está bem diferente. Tudo mudou, transformou desde que eu passei aquela linha de chegada em Paris. Eu sabia que um resultado tão expressivo desse poderia abrir muitas portas, mas não sabia que a medalha era uma chave tão grande também. Para a marcha atlética era muito importante, porque era um esporte sem visibilidade. A gente chegava nos lugares e as pessoas não entendiam direito", comentou Caio.
Após a conquista da prata em Paris, Caio desabafou sobre os olhares tortos das pessoas para a marcha atlética. Era comum ouvir xingamentos durante os treinos pelas ruas. Hoje, o atleta celebra o aumento no número de jovens interessados na modalidade que representa sua família.
"Tanto nos Jogos da Juventude, como nos Jogos Universitários e Escolares, nós tivemos um número legal de praticantes. Soube até que em uma das competições precisou fazer mais de uma bateria. Então a gente viu que essa medalha gerou algum incentivo. Deu coragem para que esses meninos pudessem se inscrever e estar nessa prova, além de encorajar os treinadores a trabalhar com isso também", destacou.
A medalha, segundo Caio, não deve ser uma conquista única e exclusiva dele, mas sim para o esporte. Além do aumento no número de praticantes da marcha atlética no país, o marchador trabalha para que, no futuro, existam projetos de incentivo financeiro pela evolução da modalidade e outros esportes.
"Queremos conversar com deputados, com o Comitê Olímpico do Brasil, o Ministério do Esporte, para que possamos sistematizar projetos de incentivo e gerar mudanças positivas. São os trabalhos que a gente tem feito para que daqui 10 anos lembrem que algo mudou lá no dia que o Caio foi medalhista", projetou o atleta.
