Por: Demétrio Vecchioli
Não foi uma medalha, mas a natação brasileira conquistou nesta segunda-feira (20) um resultado que valeu muita comemoração ainda na piscina. Na primeira vez na história em que duas mulheres do Brasil disputaram a mesma final da Mundial de Natação, Beatriz Dizotti terminou na sexta colocação nos 1.500m, com novo recorde sul-americano. Viviane Jungblut terminou em sétimo, mas o foco dela é nas águas abertas (esporte antes chamado de maratonas aquáticas).
Se no masculino o Brasil tem 27 medalhas em Campeonatos Mundiais de piscina longa, no feminino só Etiene Medeiros subiu ao pódio, e em uma prova que não é olímpica, os 50m costas. Entre as mulheres, o Brasil está ainda alguns estágios abaixo na natação mundial na comparação com os homens e, por isso, uma final com duas brasileiras é algo bastante fora da curva.
Na prova desta segunda em Budapeste (Hungria), a melhor entre as brasileiras foi Bia Dizotti, que terminou em sexto, com 16min05s25, melhorando mais de três segundos o recorde brasileiro feito neste domingo (19) por ela nas eliminatórias. Vivi ficou em sétimo, com 16min13s89, piorando quatro segundos e meio a marca das eliminatórias, recorde pessoal dela.
"A única coisa que foquei foi acertar as viradas, mas que errei algumas. Nunca tinha nadado seguido assim. Acho que estou bem feliz. Conversei com o Fernando (Possenti) e treinada eu estava para fazer uma prova melhor que antes, mas 16 (minutos) e 5 (segundos) eu não imaginava", disse ela em entrevista à beira da piscina ao SporTV.
As provas de 1.500m livre disputadas no Brasil e em campeonatos como os Jogos Pan-Americanos têm o modelo de final por tempo. Cada atleta cai na água uma vez, com os que têm índice mais rápido disputando a mesma bateria, e vence quem fizer a melhor marca neste tiro único. Em Mundiais e Olimpíadas são disputadas eliminatórias e finais, o que exige que cada atleta nade rápido não 1,5 mil metros, mas o dobro, 3 mil metros, em um período de 36 horas.
Bia só participou de um evento com essas regras nas Olimpíadas de Tóquio, onde não avançou para a final. Assim, essa é a primeira vez que ela nada 1.500m em duas vezes consecutivas. Mesmo assim, conseguiu bater o recorde sul-americano nas duas oportunidades. Em Tóquio, com a marca que ela fez hoje, terminaria na 14ª colocação.
A zona da medalha ainda está um tanto distante, porém. No Mundial, o bronze foi para a australiana Lani Pallister, que fez 15min48s96, terminando a prova 16 segundos à frente da brasileira. O ouro ficou, nenhuma surpresa, com a americana Katie Ledecky, desta vez com 15min30s15.
A outra brasileira a nadar nesta segunda-feira também conseguiu um bom resultado, ainda que não tenha avançado à final dos 200m livre. Stephanie Balduccini, de só 17 anos, fez a oitava melhor marca das eliminatórias, melhorou seu tempo na etapa noturna, mas terminou a semifinal em 12º lugar., com 1min57s54, fora da fina. A marca é a melhor da adolescente paulistana na carreira, sexta melhor de uma brasileira.
MAIS BRASIL NO MUNDIAL
Favorito a medalha nos 50m peito, João Luiz Gomes Jr bateu em segundo na série semifinal, mas foi eliminado por uma golfinhada (o movimento de perna do nado borboleta) irregular na chegada. A delegação brasileira cogitou recorrer, mas concordou que o movimento ilegal e aceitou a punição. A exclusão de João acabou beneficiando outro brasileiro, Felipe França, que havia feito o nono tempo das semifinais, passou para oitavo, e entrou na final que será amanhã.
Nos 200m livre, em prova sem a presença de brasileiros, já que o medalhista olímpico Fernando Scheffer foi eliminado em nono nas semifinais, o fenômeno romeno David Popovic, de 18 anos, ganhou com o tempo de 1min43s21. A marca não só é novo recorde mundial júnior, melhorando o que ele mesmo havia feito ontem, como fez a melhor prova dos últimos 10 anos, a quinta melhor da história.
E essa nem foi a prova mais impressionante da noite em Budapeste. O posto ficou com Thomas Ceccon, italiano que, nadando de bigode e pelo no peito (o que em tese reduz a velocidade), venceu os 100m costas com 51s60, melhorando em 25 centésimos o recorde mundial. A antiga melhor marca, do norte-americano Ryan Murphy, vinha desde a Rio-2016. O italiano baixou incríveis 70 centésimos seu melhor resultado.