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Sob risco em Olimpíadas, boxe ignora guerra e reelege russo como presidente

Por: Demétrio Vecchioli 

Enquanto a maior parte das modalidades olímpicas toma posturas radicais contra atletas, treinadores e oficiais russos, o boxe, um dos esportes que mais corre risco de sair do programa olímpico, reelegeu neste domingo (15) como presidente um dirigente russo apoiado pelo Kremlin. E em uma eleição na qual seu opositor teve sua candidatura impugnada no dia da votação.

A eleição deveria ter acontecido na sexta-feira (13), em Istambul (Turquia), durante o Campeonato Mundial feminino. Mas, horas antes da votação, um órgão supostamente independente da Associação Internacional de Boxe (IBA), a antiga AIBA, impugnou o holandês Boris van der Vorst e quatro candidatos de oposição ao conselho.

No entender deste órgão independente, todos eles fizeram campanha antecipada. Com isso, o caminho ficou aberto para o russo Umar Kremlev, que é presidente da IBA desde dezembro de 2020, e foi aclamado em eleição que acabou sendo realizada no sábado (14). Van der Vorst, porém, já avisou que vai apelar da decisão na Corte Arbitral do Esporte (CAS).

A reeleição de Kremlev vem durante a guerra iniciada pela Rússia contra a Ucrânia e que levou à renúncia de dirigentes russos em diversas modalidades, como na esgrima. Empresas russas também foram retiradas do posto de patrocinadoras de várias federações internacionais.

No caso do boxe, a relação entre Kremlev e o governo russo é pública. "Parabéns a Umar Kremlev por sua reeleição como presidente da Associação Internacional de Boxe." É especialmente significativo que sua reeleição tenha ocorrido em um momento difícil para o esporte russo. "Tenho certeza de que, sob a liderança do Kremlev, a IBA continuará a se desenvolver com sucesso", comentou o ministro do Esporte da Rússia, Oleg Matytsin.

O boxe está confirmado no programa de Paris-2024, com critérios de classificação formulados pela IBA, na gestão Kremlev, e aprovados pelo COI, que tinha especial preocupação que estes critérios fossem justos. Mas o COI segue cobrando uma melhor governança no boxe para manter a modalidade no programa de Los Angeles-2028. Por enquanto, a presença da modalidade na Olimpíada de daqui a seis anos não está confirmada, e depende da reorganização da IBA.

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