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Natação volta atrás e diz que índices olímpicos difíceis eram rascunho

Por: Demétrio Vecchioli 

A Federação Internacional de Natação (Fina) voltou atrás após publicar nesta terça-feira (19) os critérios de classificação para cinco modalidades nos Jogos Olímpicos de Paris.

Criticada por ter apontado índices difíceis de serem alcançados na natação, alegou que os documentos publicados no site oficial do movimento olímpico eram, na verdade, "rascunhos antigos".

De acordo com o site especializado em natação Swim Swam, a Fina não deu detalhes sobre o que teria causado o erro, afirmando que "não pode comentar mais, exceto para reiterar que os padrões publicados não são finais". Os documentos, que estavam publicados em uma área específica do site do COI junto com os critérios de outras modalidades, foram apagados.

A Swim Swam, porém, observou que os "rascunhos antigos" já levavam em consideração que o Mundial de Fukuoka (Japão) seria em 2023, o que só foi decidido este ano. Ou seja: os documentos foram produzidos já em 2022.

Na comparação com os critérios de Jogos Olímpicos recentes, havia algumas novidades nesses documentos, como a oportunidade de um país ter dois atletas de águas abertas (esporte antes chamado de maratona aquática) classificados em eventos diferentes -antes, isso só era possível se ambos ficassem entre os 10 primeiros do Mundial. No polo aquático, a surpresa foi a manutenção da diferenciação no número de times masculinos (12) e femininos (10), na contramão da igualdade de gêneros defendida pelo COI.

Mas o que causou mais burburinho foram os índices duros da natação. No documento que agora foi apagado, a Fina determinava que o "índice A" é o tempo do 14º colocado das eliminatórias da última Olimpíada e que o "índice B", antes bem mais amplo, era uma marca 0,5% mais lenta que o índice B.

Esses critérios tendiam a dificultar muito o acesso aos Jogos de atletas que não brigam por medalhas. Um exemplo caseiro: nos 50m livre, só Etiene Medeiros, entre as brasileiras, já nadou abaixo do índice A no passado. Nos 100m, nos 200m e nos 400m, ele é mais forte que o recorde brasileiro. Para muitos países, o índice B era a oportunidade de levar alguns nadadores à Olimpíada, mas pelos critérios agora deletados, até essa marca seria forte demais.

No Troféu Brasil realizado há duas semanas e que serviu como seletiva para o Mundial de Budapeste, em junho, só dois atletas (Fernando Scheffer e Mathetus Gonche) nadaram abaixo do tempo indicado como índice A, ontem, pela Fina. Em 2017, no primeiro Troféu Brasil do ciclo olímpico passado, 10 brasileiros nadaram abaixo do que viria a ser o índice A para Tóquio-2020.

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