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Turismo Responsável ganha força em Brasília

Cibele Oliveira, Karynna Makuxi, Rutti Cutrim: vencedoras do prêmio Turismo Responsável | Foto: Foto: Animars

Entre os dias 11 e 14 de setembro, Brasília sediou o 1º Fórum Brasileiro de Turismo Responsável, encontro que reuniu 180 participantes de todas as regiões do país. O evento possibilitou o debate entre lideranças comunitárias, acadêmicos, empreendedores, gestores públicos, jornalistas e representantes do trade em uma experiência de aprendizado coletivo, marcada pela diversidade de vozes e pela construção de propostas para o futuro do turismo nacional.

A iniciativa do Grupo Vivejar contou com o apoio de instituições públicas e privadas, entre elas a Embratur, o Instituto Bancorbrás, o Ministério do Turismo, a Fundação de Turismo de Mato Grosso do Sul (Fundtur-MS), o Governo do Estado do Rio Grande do Norte, a Confederação Nacional do Comércio (CNC), o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), o coletivo Muda!, a Gondwana Brasil e a Coppo Consultoria.

Logo na abertura, o Fórum homenageou a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, reconhecida pela trajetória em defesa da sustentabilidade. Representada pelo secretário nacional de Meio Ambiente Urbano, Adalberto Maluf Filho, a ministra foi lembrada como referência para a integração entre conservação e desenvolvimento.

A programação reforçou a ideia de que o turismo responsável é feito em rede. Nos debates e nas áreas de convivência, os participantes compartilharam experiências e práticas, aproximando realidades distintas, mas conectadas pelo mesmo propósito: transformar o turismo em vetor de inclusão, respeito cultural e preservação ambiental.

A valorização da produção local também esteve presente nas pautas. A Vinícola Brasília levou seus rótulos ao espaço de expositores, enquanto a alimentação foi assinada pela chef Ana Paula Boquadi e pelo buffet Buriti Zen, priorizando ingredientes de agricultura familiar e orgânica.

Além disso, o Fórum adotou medidas de acessibilidade, como tradução em Libras e estrutura adaptada, garantindo a participação de pessoas com deficiência.

Outro destaque foi o compromisso ambiental. Em parceria com a Compensei, todo o impacto de carbono do evento foi neutralizado, reafirmando a coerência entre discurso e prática.

Premiação

Um dos momentos mais esperados foi a entrega do Prêmio Vitrine do Turismo Responsável 2025, que reconheceu projetos inovadores e transformadores.

O 1º lugar ficou com o Turismo de Base Comunitária na Comunidade Indígena Kauwê (Roraima), com experiências que unem cultura, hospitalidade e natureza. Na segunda colocação, Vivência das Marisqueiras de Aver-o-Mar, em Sirinhaém (Pernambuco), que transforma saberes tradicionais em experiências imersivas. Já o 3º lugar foi para Mova Experiências (Maranhão), com encontros entre viajantes e comunidades tradicionais, reforçando o patrimônio biocultural.

Outro ponto alto foi a oficina "Cocriando os próximos passos do turismo responsável", coordenada pelo professor David Bouças (LETS/UnB).

Em grupos, os participantes discutiram gargalos, soluções e ações concretas. O resultado será publicado em um livro coletivo pela Universidade de Brasília, que deve servir de guia prático para o setor, ampliando o alcance das ideias debatidas.

Para Helena Costa, coordenadora do LETS/UnB, a parceria reforçou a missão acadêmica de conectar conhecimento e prática: "Foi uma alegria fazermos parte deste movimento. O Fórum nos permitiu mediar diálogos entre lideranças, empreendedores e estudantes, incluindo indígenas e pessoas acima de 60 anos. É nesse encontro de olhares diversos que o turismo responsável se fortalece."

O encerramento do Fórum buscou traduzir, na prática, os princípios da iniciativa. Parte dos participantes seguiu para o Quilombo Kalunga, em Cavalcante (GO), onde vivenciaram a história e a resistência de uma das maiores comunidades quilombolas do Brasil, com visitas à cachoeira de Santa Bárbara.

Quem ficou em Brasília realizou o Tour Brasília Negra, conduzido por Bianca D'Aya (Me Leva Cerrado), e que destacou a memória afro-brasileira na capital. Já o roteiro Brasília de Experiências, da Rotas do Cerrado, apresentou diferentes aspectos do patrimônio local.

O 1º Fórum Brasileiro de Turismo Responsável terminou com a convicção de que este é apenas o início de uma jornada na busca de um turismo cada vez mais inclusivo, diverso e sustentável no Brasil. O Fórum buscou demonstrar que o turismo responsável é mais do que um conceito: é uma prática em expansão, capaz de transformar territórios e fortalecer vínculos entre pessoas, culturas e meio ambiente.