O Brasil deu um passo importante na valorização de suas manifestações culturais no dia 8 de setembro, com a publicação no Diário Oficial da União dos decretos que reconhecem o Carnaval de Salvador e a Romaria do Senhor Bom Jesus da Lapa como manifestações oficiais da cultura nacional.
A medida, sancionada pelo presidente Lula, reforça a centralidade de duas tradições baianas que, além do valor simbólico e histórico, movimentam intensamente o turismo e a economia local.
O ministro do Turismo, Celso Sabino, aponta benefícios do reconhecimento para o fortalecimento dos segmentos de Turismo Cultural e Turismo Religioso no Brasil, além do impacto social da atividade turística.
"Estamos dizendo ao mundo que o Brasil reconhece a importância de algumas das experiências culturais mais potentes do planeta. São festas e tradições que geram emprego, renda e que são um orgulho imenso para todos nós", afirmou.
Símbolo da cultura afro-brasileira, o Carnaval de Salvador é considerado uma das maiores festas populares de todo o mundo. A lei nº 15.196 inscreve oficialmente a folia baiana no rol das manifestações nacionais, destacando sua relevância histórica, social e cultural.
A festa que mistura ritmos, cores e tradições é também um vetor econômico sem paralelo no calendário turístico do país. Apenas em 2025, mais de 1 milhão de pessoas participaram do evento, que movimentou quase R$ 2 bilhões na economia. Somando-se os festejos da capital e de cidades do interior, a Secretaria de Turismo da Bahia registrou 3,5 milhões de turistas e uma injeção de R$ 7 bilhões na economia estadual.
Os números superam os de 2024 e demonstram o potencial da festa como ativo turístico e cultural do estado. A ocupação hoteleira chegou a 94% em Salvador e 91% no interior, consolidando o Carnaval como um dos principais produtos turísticos brasileiros, com impacto direto em setores como transporte, hotelaria, alimentação, entretenimento e comércio.
Além do impacto positivo no presente, a festa já projeta o futuro: Em 2026 , o Carnaval de Salvador terá como tema "110 anos de samba", celebrando a primeira gravação comercial do gênero no Brasil e reafirmando a capital baiana como berço da cultura afro-brasileira.
O reconhecimento federal se soma a iniciativas recentes, como a valorização do Carnaval de Pernambuco, sancionada em maio, e reforça uma estratégia do governo de utilizar o turismo cultural como motor de desenvolvimento social e econômico.
Fé e Tradição
Enquanto Salvador vibra com a explosão de música e cores, a cidade de Bom Jesus da Lapa, no oeste baiano, vive sua própria tradição, de caráter religioso, mas igualmente poderosa como motor de turismo e economia.
A Romaria do Senhor Bom Jesus da Lapa, realizada anualmente entre 28 de julho e 6 de agosto, passa a ser reconhecida como manifestação da cultura nacional.
A peregrinação reúne cerca de 600 mil fiéis todos os anos, tornando-se uma das maiores manifestações religiosas do país. Mais que fé, a romaria representa integração social, desenvolvimento econômico e preservação cultural. Hotéis, pousadas, restaurantes, transportes e o comércio em geral têm suas atividades intensificadas durante o período, gerando renda e empregos diretos e indiretos para milhares de pessoas.
A lei sancionada autoriza o poder público a fomentar políticas públicas de segurança aos romeiros, apoio logístico nas celebrações e registro da prática no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) como bem cultural de natureza imaterial.
A história da Romaria remonta a 1691, quando o português Francisco de Mendonça Mar, carregando uma imagem do Senhor Bom Jesus, instalou-se em uma gruta no município. A partir dali, nasceu um dos maiores centros de peregrinação do Brasil, hoje estruturado com 16 grutas, sendo nove internas, e com atrativos como o morro do Cruzeiro, de 90 metros de altura, que recebe milhares de visitantes.
O reconhecimento simultâneo das celebrações como manifestações da cultura nacional simboliza a diversidade e a força do patrimônio cultural brasileiro.
De um lado, a festa urbana, plural e afrodescendente, que projeta Salvador no cenário mundial. De outro, a peregrinação de fé, tradição e religiosidade, que faz de Bom Jesus da Lapa um destino de turismo religioso e espiritual.
Ambas se consolidam como exemplos de como cultura e turismo caminham juntos. Mais do que preservar tradições, esses eventos garantem emprego, renda, inclusão social e identidade cultural, reforçando o papel estratégico da cultura no desenvolvimento nacional.
