Exame simples pode reduzir em até 90% as mortes por câncer de intestino

Por Reynaldo Rodrigues

A campanha Setembro Verde tem como foco conscientizar

O câncer de intestino cresce em ritmo acelerado no Brasil e no mundo e já está entre os mais incidentes na população. Em 2025, mais de 45 mil brasileiros devem receber o diagnóstico da doença, segundo estimativas do Instituto Nacional de Câncer (INCA). Atualmente, é o terceiro tipo mais comum entre os homens e o segundo entre as mulheres.

A campanha Setembro Verde tem como foco conscientizar sobre prevenção e diagnóstico precoce. Isso porque, quando descoberto nas fases iniciais, o câncer de intestino tem mais de 90% de chance de cura.

De acordo com o oncologista Márcio Almeida, a maioria dos casos está relacionada a hábitos de vida. “O consumo excessivo de carnes vermelhas e processadas, a baixa ingestão de fibras, a obesidade, o sedentarismo e o tabagismo são fatores de risco importantes. A mudança de comportamento pode reduzir significativamente a ocorrência da doença”, afirma.

O desafio do diagnóstico precoce
O câncer de intestino é considerado traiçoeiro por se desenvolver, na maior parte das vezes, sem sintomas nas fases iniciais. Os sinais de alerta incluem presença de sangue nas fezes, alterações no hábito intestinal, dor abdominal, anemia sem causa aparente e perda de peso não intencional. “O rastreamento deve ser feito em pessoas assintomáticas. A prevenção é sempre o melhor caminho”, reforça o médico.

Colonoscopia é o principal exame de rastreio

O exame é apontado como a ferramenta mais eficaz para detectar e até remover lesões que poderiam evoluir para um câncer. A recomendação é que todas as pessoas acima de 45 anos realizem o exame regularmente, mesmo sem sintomas. Já quem possui histórico familiar deve iniciar o rastreamento dez anos antes da idade em que o parente foi diagnosticado.

“Outro exame de apoio é a pesquisa de sangue oculto nas fezes, capaz de identificar alterações invisíveis a olho nu e indicar a necessidade de avaliação detalhada”, esclarece o especialista.

Doença também atinge jovens

Um estudo apresentado na Digestive Disease Week 2024, maior congresso de gastroenterologia do mundo, apontou crescimento de 333% nos casos de câncer de intestino em adolescentes de 15 a 19 anos entre 1999 e 2020, em escala global. O dado desmonta o mito de que a doença está restrita a idosos e reforça a necessidade de prevenção desde cedo.

Avanços no tratamento

Os recursos disponíveis no tratamento também vêm evoluindo. Entre as novidades estão terapias-alvo, imunoterapia, cirurgias minimamente invasivas e análises genéticas que permitem tratamentos personalizados.

“Mesmo com todos os avanços, nada substitui o impacto do diagnóstico precoce. Descobrir a doença cedo garante abordagens menos agressivas, mais eficazes e com menor impacto na vida do paciente”, conclui o oncologista.