Lula adverte que derrubada de vetos ao 'PL da devastação' vai prejudicar agronegócio
Petista ressalta que legislações de outros países rejeitam a importação de produtos resultantes do desmatamento
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, nesta quinta-feira (4), que os 63 vetos dele ao projeto de Licenciamento Ambiental, chamado pelos ambientalistas de ‘PL da Devastação’, tinham como objetivo proteger o agronegócio.
O petista disse que a derrubada da maioria desses vetos pelo Congresso - ocorrida na semana passada, inclusive com apoio da bancada ruralista - vai prejudicar o comércio de produtos do agronegócio brasileiro no exterior, já que legislações de outros países rejeitam a importação de produtos resultantes do desmatamento.
Lula falou sobre o assunto na abertura da 6ª Reunião Plenária do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável (CDESS), o Conselhão, no Palácio do Planalto.
"Nós não vetamos porque não gostamos do agronegócio. Nós vetamos para proteger o agronegócio, porque essa mesma gente que vetou, que derrubou meus vetos, quando a China parar de comprar soja, quando a Europa parar de comprar soja, quando alguém parar de comprar nossa carne, quando alguém parar de comprar nosso algodão, vão vir falar comigo outra vez: 'Presidente, fala com o Xi Jinping, presidente, fala com a União Europeia, presidente, fala com a Rússia, presidente, fala com não sei com quem', porque eles sabem que eles estão errados", disse Lula.
Antes de Lula, o empresário Eraí Maggi, conhecido como "o rei da soja", havia elogiado as exigências ambientais como "solução para o agro". Maggi, integrante do Conselhão, disse: "A questão ambiental é cobrada de maneira exemplar". O empresário destacou a concessão de licença ambiental para obras de infraestrutura. Ele citou a rodovia Cuiabá-Santarém, "que a Marina liberou", segundo ele, em referência à ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.
Maggi argumentou que se as exigências ambientais impuseram dificuldades de adaptação nos primeiros anos, atualmente fazem parte do sucesso do agronegócio brasileiro. Segundo ele, as normativas, inclusive aquelas que orientam o acesso ao crédito produtivo, ajudam a explicar o sucesso do setor.
Maggi e a empresária rural Teresa Vendramini, ambos conselheiros do CDESS, entregaram a Lula a Agenda Positiva do Agro, com propostas e medidas para o desenvolvimento sustentável do setor.
Lula citou o empresário: "Eu acho que quando a gente vê o Eraí falar e a gente vê que a bancada do agronegócio não ouviu ele, nem antes, nem hoje e nunca vai ouvir, não teria derrubado os vetos que nós fizemos na política ambiental desse país. Eles sabem que nós queremos que a nossa produção seja cada vez maior, mas cada vez mais sustentável e cada vez mais limpa. Eu não quero um mundo limpo para mim, a gente quer um mundo limpo para todo mundo", disse.
O presidente fez críticas às emendas parlamentares impositivas. "Vocês acham que nós, do governo, temos algum problema contra o Congresso Nacional? A gente não tem", disse, antes de contrapor: "Eu sinceramente não concordo, não concordo com as emendas impositivas. Eu acho que o fato do Congresso Nacional sequestrar 50% do orçamento da União é um grave erro histórico, eu acho, mas você só vai acabar com isso quando você mudar as pessoas que governam e aqui aprovaram isso", disse.