Vereadoras de Volta Redonda se pronunciam contra violência de gênero

Gisele Klingler e Carla Duarte falam sobre seu papel político na busca por igualdade de direitos

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Por Lanna Silveira

Em reação a onda de casos brutais de violência contra a mulher divulgados pela mídia brasileira nas últimas semanas, que envolveram agressões, mutilação e feminicídio, as duas únicas vereadoras eleitas em Volta Redonda, Carla Duarte e Gisele Klingler, se pronunciaram pela importância de se garantir os direitos das mulheres.

Gisele Klingler, que também é presidente da Comissão de Direitos da Mulher, acredita que a sucessão de crimes "cruéis" contra as mulheres em diferentes regiões do país, e inclusive no Sul Fluminense, não são tragédias isoladas, mas sim um reflexo da violência estrutural cometida contra a mulher, que se fortalece por meio da omissão estatal, da impunidade e da naturalização do comportamento machista na sociedade. A vereadora, que reconhece a sua posição de minoria no legislativo municipal, acredita que seja sua responsabilidade política "lutar diariamente para que as mulheres não enfrentem adversidades como o medo, o silenciamento, a falta de acolhimento e a morte".

A vereadora declara defender o fortalecimento das políticas públicas de proteção à mulher, que vão desde o acolhimento inicial na rede de atendimento, passando pelo monitoramento de agressões e a ampliação das Delegacias Especializadas e da Patrulha Maria da Penha, e incluem a garantia de investimentos públicos contínuos em prevenção, educação e políticas de autonomia econômica para as mulheres. A nível municipal, Gisele acredita que mudanças precisam ser feitas em relação aos investimentos públicos:

— [...] Preocupa profundamente o fato de que a Secretaria Municipal de Políticas para Mulheres e Direitos Humanos tenha previsão orçamentária de apenas R$ 2 milhões para 2026; um valor irrisório diante de um orçamento municipal superior a R$ 2 bilhões. Sem investimento, não há política pública efetiva — conclui Gisele.

Carla Duarte compartilha da revolta de sua colega, afirmando que o sentimento de insegurança e de luta é constante para as mulheres em um país "tão machista e misógino como o Brasil". Carla afirma aproveitar a oportunidade de ocupar uma cadeira na Câmara Municipal para fiscalizar, propor e lutar por leis que ampliem a proteção às mulheres; um dos exemplos de sua atuação foi a instituição da Procuradoria da Mulher em Volta Redonda. A vereadora faz questão de ressaltar que a participação de mulheres na política faz diferença na busca pela igualdade de direitos de gênero.

— Sabemos que o número de mulheres em cargos políticos ainda é pequeno, o que impacta diariamente na velocidade com que as políticas públicas avançam; quando não sofrem retrocessos — complementa Carla. Ambas as vereadoras reafirmam seus compromissos "inegociáveis" na luta pelo direito das mulheres.

Baixa representatividade

Vale lembrar que, além de serem as únicas parlamentares da Câmara de Volta Redonda, Carla e Gisele fazem parte de um grupo restrito de mulheres que alcançaram cargos públicos no Médio Paraíba nas últimas eleições.

Apenas sete cidades da região contaram com a participação de mulheres na corrida à Prefeitura em 2024, totalizando nove candidatas: Barra do Piraí, Itatiaia, Paraty, Pinheiral, Rio Claro, Valença e Vassouras. Do total de candidatas, apenas duas foram eleitas: Kátia Miki, em Barra do Piraí, e Rosi, em Vassouras. Ambas são as primeiras prefeitas da história de cada cidade.

O cenário não melhora nas Câmaras Municipais da região: apenas 13 mulheres foram eleitas como vereadoras em 2024. Além de Volta Redonda, Barra Mansa e Angra dos Reis elegeram duas mulheres ao legislativo. Resende, Pinheiral, Porto Real, Quatis, Mendes, Barra do Piraí e Itatiaia emplacaram apenas uma mulher em suas respectivas Câmaras. Seis municípios da região (Valença, Piraí, Paraty, Vassouras, Rio Claro e Miguel Pereira) não elegeram sequer um nome feminino ao legislativo.