Doenças inflamatórias intestinais são fator de risco de câncer de intestino
A condição crônica atinge principalmente pessoas entre 20 e 30 anos
Estudos indicam que há forte relação entre as doenças inflamatórias intestinais (DII) e o câncer no intestino. Pesquisa feita com 212 mil pacientes do SUS (Sistema Único de Saúde) mostrou que a incidência de doenças inflamatórias intestinais cresceu 233% em oito anos, entre 2012 e 2020. O cirurgião do aparelho digestivo Mathew Kazmirik, coordenador do Gastro D'Or do Hospital e Maternidade Brasil, da Rede D'Or, responde as principais questões sobre esse grupo de doenças:
O que são as doenças inflamatórias intestinais?
Mathew Kazmirik - São doenças crônicas que não têm origem bem definida. Podem surgir por fatores genéticos, de imunidade, influência do meio ambiente e de alimentação, entre outras possibilidades. Essas doenças não têm cura, mas são controladas por meio de medicações. Nós temos percebido um aumento na incidência dessas patologias.
Quais são as principais doenças que se enquadram nesse grupo?
Mathew Kazmirik - São a doença de Crohn e a retocolite ulcerativa, que são as duas enfermidades clássicas. Há também a colite indeterminada, quando não é possível definir ao certo o diagnóstico.
Quais são os sintomas mais frequentes para as doenças inflamatórias intestinais?
Mathew Kazmirik - Dependem da doença e da sua localização. Na retocolite ulcerativa, é muito comum ter diarreia, sangramento, emagrecimento, falta de apetite e fraqueza, entre outros sintomas. A doença de Crohn pode ter alguns sintomas semelhantes, entretanto, pode não haver diarreia, por exemplo. Outros sinais são cólica abdominal e emagrecimento, entre outros. Essas doenças, quando não são diagnosticadas e tratadas precocemente, tendem a evoluir com complicações, como o estreitamento do intestino, perfuração e formação de fístula.
Quais os impactos na qualidade de vida de pacientes que sofrem dessas enfermidades?
Mathew Kazmirik - As doenças inflamatórias intestinais costumam ter incidência maior nas primeiras décadas de vida dos pacientes, aos 20, 30 anos, mas podem surgir em qualquer idade. O impacto é muito grande, pois o paciente tem dificuldade em trabalhar, podendo sentir cansaço, ter anemia e diarreias frequentes, que impedem a boa qualidade de vida social e de trabalho.
Como é feito o diagnóstico das doenças inflamatórias intestinais?
Mathew Kazmirik - É muito relevante a história clínica do paciente. Por exemplo, dor abdominal e diarreia frequentes são sinais de alguma coisa errada, não é normal esse quadro se manter por muito tempo. Então o quadro precisa ser investigado, incluindo o histórico familiar. Também completam o diagnóstico diversos exames, como o de sangue e os de imagem. Há o exame de calprotectina, um exame de fezes que ajuda a ver o grau de inflamação do intestino. Temos também a colonoscopia, a ressonância magnética, a tomografia e ultrassom, utilizados conforme protocolos específicos.
Quais são os tratamentos mais comuns
Mathew Kazmirik - Podemos ter o tratamento convencional e as chamadas terapias avançadas. O convencional é basicamente o uso de corticoides, os derivados dos medicamentos conhecidos como 5-ASA (mesalazina) e os imonossupressores. Já as terapias avançadas incluem pequenas moléculas e medicações biológicas, que indicamos dependendo do quadro do paciente, do diagnóstico e do que ele já usou previamente. O grande diferencial das terapias avançadas é que atuam mais fortemente no foco da doença, com mais efetividade.
O Hospital e Maternidade Brasil conta com o Núcleo de Doenças Inflamatórias Intestinais, acreditado pela Organização Pan-Americana de Crohn e Colite (PANCCO) como primeiro centro de excelência no Brasil no trato desse grupo de doenças. Quais são os diferenciais desse núcleo no atendimento aos pacientes?
Mathew Kazmirik - Podemos ter o tratamento convencional e as chamadas terapias avançadas. O convencional é basicamente o uso de corticoides, os derivados dos medicamentos conhecidos como 5-ASA (mesalazina) e os imonossupressores. Já as terapias avançadas incluem pequenas moléculas e medicações biológicas, que indicamos dependendo do quadro do paciente, do diagnóstico e do que ele já usou previamente. O grande diferencial das terapias avançadas é que atuam mais fortemente no foco da doença, com mais efetividade.
