Portos privados discutem inovação tecnológica

Discussão marcou evento que comemora os 12 anos da ATP

Por Sabrina Fonseca

O uso de inteligência artificial nos portos foi discutido no encontro

A Associação de Terminais Portuários Privados (ATP) realizou, na quinta-feira (23), o 12º Encontro ATP, com o tema “Inovação como indutora do desenvolvimento portuário”. O evento anual, que também celebra o aniversário da entidade, debateu o uso de novas tecnologias no setor.

O encontro contou com a presença de Murillo Barbosa, diretor-presidente da ATP; Valter Souza, diretor de Relações Institucionais da CNT; almirante Anderson Marcos Alves, subchefe de Assuntos Marítimos da Marinha do Brasil; Alber Vasconcelos, diretor da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq); Rebecca Silva, diretora de Programa da Secretaria Nacional de Portos, e Marcus Cavalcanti, secretário especial do Programa de Parcerias de Investimentos da Casa Civil da Presidência da República. Também participaram representantes do Ministério de Portos e Aeroportos.

O diretor-presidente da ATP, Murillo Barbosa, destacou que, desde 2013, a associação trabalha para representar e fortalecer os portos privados, responsáveis, segundo ele, por mais de dois terços da movimentação portuária do país. Barbosa também ressaltou a importância da inovação tecnológica nas atividades do setor.

“É graças a essa força coletiva que o portuário privado segue crescendo, inovando e contribuindo para a economia nacional. Neste ano, escolhemos um tema que expressa perfeitamente o espírito da nossa associação e o momento em que vivemos: a inovação como indutora do desenvolvimento portuário. Vivemos um tempo em que a inovação deixou de ser um diferencial para se tornar uma necessidade. A tecnologia, os novos modelos de gestão e a inteligência artificial estão transformando a forma como operamos, planejamos e até mesmo pensamos os portos”, afirmou.

A programação foi dividida em abertura, palestras e o anúncio dos vencedores do Prêmio ATP 2025. Uma das palestras foi ministrada pela professora Michelle Schneider, com o tema “Portos do Futuro: Liderança e Inovação na Era da Inteligência Artificial”. Ela abordou a evolução da Inteligência Artificial e suas aplicações na infraestrutura portuária.

Na sequência, ocorreram debates conduzidos pela diretora-executiva da ATP, Gabriela Costa. A primeira convidada foi Priscila Farias, sócia-diretora da Umi San Hidrografia e Engenharia, que apresentou a primeira operação remota de limpeza e inspeção de navios, destacando o papel da sustentabilidade nessa iniciativa.

Depois, o CEO e fundador da R1 Asset Integrity, Gênesis Gonsalves de Almeida, tratou da transformação digital na gestão de integridade de ativos e no monitoramento de sistemas elétricos. Finalizando o debate, foi a vez do CEO da RB Software, Roger Bittencour, que falou sobre o uso de IA para a segurança portuária.

12º Prêmio ATP

Ao fim do evento, foram divulgados os resultados do 12º Prêmio ATP, que teve como objetivo reconhecer iniciativas de inovação tecnológica e impacto social no sistema portuário brasileiro.

O prêmio contemplou duas categorias: um de projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação aplicados ao setor portuário e o que valoriza ações que promovam o desenvolvimento econômico e social em comunidades locais.Foram premiados os três primeiros colocados em cada categoria, com troféus entregues na cerimônia.

Portos privados

Os portos privados, também conhecidos como Terminais de Uso Privado (TUPs), são instalações portuárias pertencentes a empresas particulares, construídas e operadas fora da área dos portos públicos. Esses terminais são criados principalmente para atender às demandas de movimentação de cargas das próprias companhias, embora também possam prestar serviços a terceiros, desde que autorizados pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq).

A principal diferença entre portos públicos e privados está na propriedade e no regime de operação. Enquanto os portos públicos são administrados pelo governo e concedidos ou arrendados a operadores mediante licitação, os portos privados funcionam mediante autorização do poder público, mas toda a construção, operação e manutenção são de responsabilidade da empresa investidora, sem uso de recursos públicos.

Esses terminais são fiscalizados pela Antaq e pela Marinha do Brasil, que asseguram o cumprimento das normas de segurança, meio ambiente e operação portuária. Entre os principais exemplos de portos privados do país estão o Porto do Açu, no Rio de Janeiro; o Terminal Marítimo de Ponta da Madeira, no Maranhão, operado pela Vale; e os terminais da Petrobras.