Capelli: saúde no DF é caso de polícia

Candidato ao governo do Distrito Federal, presidente da ABDI falou ao Correio sobre seus planos

Por Rudolfo Lago

Capelli com o diretor de Redação do Correio da Manhã, Claudio Magnavita: confiante na eleição para governador

Em cada semana, o presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Ricardo Capelli, está escolhendo uma Região Administrativa do Distrito Federal para morar e conhecer de perto a situação local. Capelli fica nesses dias na casa de um morador local. Isso, segundo ele, tem lhe permitido conhecer de perto os problemas da capital do país, não apenas do Plano Piloto, que vive uma situação mais organizada e assistida. E, após as observações que já fez, Capelli não tem dúvida: o grande problema a ser resolvido no Distrito Federal é a saúde pública. “O que acontece na saúde do DF é caso de polícia”, afirma Capelli, em entrevista exclusiva ao Correio da Manhã.

Capelli foi recebido por um almoço na terça-feira (26) na Casa Correio da Manhã, tendo como principal anfitrião o publisher e diretor de Redação do Correio da Manhã, Claudio Magnavita. O presidente da ABDI é pré-candidato ao Governo do Distrito Federal pelo PSB. A ideia da sua candidatura, ele conta, foi amadurecida a partir da experiência que ele teve como interventor na área de segurança após a invasão e depredação das sedes dos Três Poderes no dia 8 de janeiro de 2023. A situação o aproximou da administração do DF. Mas Capelli afirma: sua vida está relacionada a Brasília há mais de vinte anos, com somente dois momentos de interrupção para esse carioca. Capelli assessorou um tempo Lindbergh Faria na prefeitura de Nova Iguaçu e foi secretário de Comunicação do governo do Maranhão na gestão do hoje ministro do Supremo Tribunal Federal Flávio Dino.

Rotina

Nos momentos em que se muda para as Regiões Administrativas, Capelli conta que dispensa carro e motorista. Anda de transporte público e faz uma imersão local. “Janeiro, eu morei uma semana no Sol Nascente. Fico dois dias na casa de um, três na casa de outro. Saio do trabalho depois das 18h e faço agenda até meia-noite. Vou em todos os equipamentos públicos. Vou no hospital, vou nas igrejas. Eu visito tudo o que tem na cidade”, relata.

Rudolfo Lago/Correio da Manhã - Capelli explica seus planos ao diretor de Redação do Correio da Manhã, Claudio Magnavita

A primeira impressão, segundo Capelli, é o “grande abismo” que há com relação à qualidade dos serviços e equipamentos públicos no Plano Piloto e o que se vê nas demais regiões. “A apenas oito quilômetros da região central, está a Estrutural e Santa Luzia. Eu dormi em Santa Luzia em uma casa de madeira. Vinte mil pessoas vivendo sem saneamento, sem água, sem nada. Aqui do lado”, denuncia.

Saúde

Nessas internações nas Regiões Administrativas, Capelli não tem dúvida. “O maior problema é saúde, disparado. Não tem dois problemas no DF”, afirma. Capelli é curto e grosso ao definir qual seria a solução para a saúde pública no Distrito Federal. “Polícia. A primeira coisa que se tem a fazer é colocar essas pessoas na cadeia”.

“O Distrito Federal tem um orçamento de saúde de R$ 13 bilhões”, argumenta Capelli. “Para uma população de três milhões de habitantes”, completa ele. “Um terço da população tem plano de saúde. Como pode não funcionar bem?”, questiona.

O presidente da ABDI compara com a Bahia. “A Bahia tem mais de 15 milhões de habitantes. Cabem uns dois mil DFs dentro do território da Bahia. E o orçamento de saúde da Bahia é R$ 8 bilhões. O valor per capita para a saúde no DF é R$ 4,3 mil. Em Goiás, aqui ao lado, é R$ 791. Então, aqui é caso de polícia”. Segundo Capelli, ele verificou que as pessoas, especialmente nas regiões mais próximas da fronteira, estariam indo fazer tratamento de saúde em Goiás.

União

Com base em pesquisas que vêm sendo divulgadas, Capelli considera que há uma boa chance de os partidos do campo da esquerda acabarem vencendo as eleições no Distrito Federal, desde que tenham uma visão de ampliar ao máximo o campo de alianças. É o que ele considera fazer. Sua opção, nesse sentido, segundo afirmou, é busca um vice que venha não do PT, mas do campo mais ao centro. Ao PT, ficaria reservada a vaga da hoje deputada federal Erika Kokay para o Senado. “Creio que eleger Erika para o Senado seja hoje a prioridade do PT”, considera. Ele acredita que, ao final, o presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Leandro Grass, que foi o candidato do campo da esquerda na eleição para governador em 2022, não tente sair agora. Recentemente, Grass trocou o PV, pelo qual foi candidato em 2022, pelo PT.

Agência Brasil - Capelli ganhou notoriedade depois que foi interventor na área de segurança no DF

“Acho que aqui a tendência é a gente unificar o campo”, avalia Capelli. E, nesse sentido, ele tem ampliado as conversas. Para além do campo mais marcadamente de esquerda, ele tem conversado com o empresário Paulo Octávio, presidente do PSD local, com a deputada distrital Paula Belmonte (Cidadania). Com o ex-senador José Antônio Reguffe (Solidariedade). Entre outros.

Direita

No campo da direita, Capelli enxerga um jogo embolado que pode ser revertido. Não é certo, por exemplo, para ele, que o ex-presidente Jair Bolsonaro venha a apoiar o hoje governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB) para o Senado. E a esposa de Bolsonaro, Michelle Bolsonaro, não tem aparecido com tanta vantagem assim para senadora como parecia. “O problema da Michelle é o segundo voto”, observa. Ou seja, ou se vota nela como primeira opção ou não se vota. Abrindo caminho para outras opções.

“Eu estou animado”, conclui Capelli. Vamos ganhar as eleições”, completa.