Turismo de aventura cresce no Brasil, mas exige atenção à segurança
Especialista reforça a importância de avaliar a segurança e a legalidade das empresas
Os recentes acidentes envolvendo balões de ar quente em Santa Catarina e São Paulo colocaram em evidência a importância da segurança em passeios turísticos de aventura. Neste sábado (21), um balão com 21 pessoas caiu em Praia Grande, no extremo sul de Santa Catarina (SC), deixando ao menos oito mortos e feridos. Dias antes, em Capela do Alto (SP), uma mulher de 27 anos perdeu a vida após a queda de outro balão durante um voo panorâmico.
Diante da repercussão dos casos, especialistas reforçam a necessidade de cautela na hora de contratar esse tipo de serviço. Para a empresária e especialista em turismo Santuza Macedo, CEO da Diamond Viagens, episódios como esses evidenciam uma falha ainda comum: o turista brasileiro muitas vezes prioriza o preço e a estética do passeio, sem investigar a estrutura de segurança da atividade.
- Voos de balão, trilhas radicais, mergulhos, saltos e outros tipos de turismo de aventura exigem um nível de responsabilidade técnica que vai muito além da beleza da experiência. O primeiro passo deve ser verificar a regularidade da empresa junto aos órgãos competentes e a capacitação dos profissionais envolvidos - alerta Santuza.
Avaliações antes de contratar serviço
Para evitar riscos, a especialista lista pontos fundamentais que devem ser observados pelos consumidores. O primeiro deles é verificar se a empresa é registrada nos órgãos oficiais de turismo. Empresas de turismo receptivo precisam ter cadastro ativo no Cadastur, sistema do Ministério do Turismo que garante a regularidade da atuação. Também é essencial conferir se há licenciamento na prefeitura e, em alguns casos, autorização de órgãos ambientais ou de aviação.
O segundo ponto é pesquisar o histórico de segurança e avaliações. Consultar sites de reclamação, redes sociais e o histórico de incidentes pode revelar informações importantes sobre a reputação da empresa.
O terceiro cuidado é exigir seguro para o passeio. "Todo passeio turístico de risco precisa oferecer seguro para os participantes, e esse documento deve ser entregue antes do embarque ou início da atividade", destaca Santuza.
O quarto item é questionar sobre a formação da equipe técnica. É fundamental saber se os profissionais são certificados para operar o equipamento e acompanhar os turistas. No caso de voos de balão, por exemplo, o piloto deve ter habilitação válida emitida pela Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC).
Por fim, nunca se deve aceitar atividades improvisadas ou fora dos padrões. "Infelizmente ainda existem empresas que operam com excesso de passageiros, ausência de estrutura mínima e ausência de plano de contingência. Quando o preço for muito inferior à média, desconfie", orienta.
Demanda crescente
De acordo com dados da Adventure Travel Trade Association (ATTA), o segmento de turismo de aventura cresce, em média, 20% ao ano em países da América Latina. No Brasil, a busca por experiências únicas, imersivas e ligadas à natureza vem se intensificando, o que reforça a urgência de uma regulação mais rígida e da conscientização dos viajantes.
- Queremos que as pessoas vivam momentos inesquecíveis, mas com segurança. A experiência só é válida quando termina bem. O consumidor também precisa fazer sua parte e escolher com critério - finaliza Santuza.
Sobre o caso
A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) afirmou neste sábado (21) que está adotando as providências necessárias para averiguar a situação do balão que pegou fogo e caiu em Praia Grande (SC). O acidente deixou oito mortos, enquanto 13 sobreviveram.
O governador em exercício de Santa Catarina, Francisco Oliveira Neto, decretou luto oficial de três dias.
Conforme as informações preliminares, em meio ao princípio de incêndio no cesto, o balão desceu até perto do chão, quando 13 pessoas conseguiram desembarcar. Antes que as outras oito saíssem também, a aeronave voltou a subir de repente. Quem não conseguiu sair morreu com os ferimentos causados pelo fogo ou pela queda, ao saltar para fugir das chamas.
- O piloto e outras 12 pessoas conseguem sair do balão, mas outras pessoas não conseguem, e, novamente, o balão acaba subindo involuntariamente - disse o delegado-geral Ulisses Gabriel, chefe da Polícia Civil de Santa Catarina, em entrevista à Rádio CBN. "A partir daí, quando ele [o balão] está numa certa altura, algumas pessoas acabam pulando desse balão. Três pessoas não pularam e acabaram morrendo abraçadas"
As 13 pessoas que sobreviveram foram levadas a um hospital de Praia Grande, sendo que cinco permanecem em observação, de acordo com o Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina.
O município de Praia Grande, que apesar do nome não está em área litorânea, é um dos principais destinos para quem busca passeios turísticos em balões, devido a condições geográficas e meteorológicas favoráveis e à proximidade de cânions de grande beleza cênica. Na região ficam os parques nacionais de Aparados da Serra e da Serra Geral. A cidade vizinha de Torres (RS) é reconhecida como a capital brasileira do balonismo.
Lula divulga nota oficial
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva divulgou nota oficial para lamentar a queda em Santa Catarina. Ele afirmou que irá colocar o governo federal à disposição das vítimas e autoridades locais.
- Quero expressar minha solidariedade às famílias das vítimas do acidente ocorrido com um balão na manhã deste sábado em Santa Catarina. E colocar o governo federal à disposição das vítimas e das forças estaduais e municipais que atuam no resgate e no atendimento aos sobreviventes - diz o texto da nota, que foi publicada também nos perfis verificados de Lula nas redes sociais.
*Com informações da Agência Brasil