Mulheres entram para a história do Exército Brasileiro no ano de 2018

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Primeira turma de mulheres na Aman fez história ao se tornarem oficiais combatentes

Foi no ano de 2018, que pela primeira vez na história do Exército Brasileiro, as mulheres puderam se tornar oficiais combatentes e chegar à patente de general e até ao comando do Exército. Naquele ano, 33 alunas foram recebidas na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), em Resende, no estado do Rio de Janeiro, e foram as pioneiras na linha de ensino militar bélico da força.

Elas foram recebidas na academia, oriundas da Escola Preparatória de Cadetes do Exército (EsPCEx), para o período de adaptação e entraram oficialmente na Aman, na cerimônia de passagem dos novos cadetes pelo Portão Monumental. Somente após essa cerimônia, o aluno passa a ser chamado de cadete e, após o curso de quatro anos de formação de oficial combatente, é declarado como aspirante a oficial.

Em entrevista à Agência Brasil, naquela época, ainda em 2018, a aluna Ana Luiza Santana, de 19 anos, disse que o primeiro ano na EsPCEx foi muito gratificante. "Saí de lá bem melhor que entrei", disse. "Homens e mulheres têm pontos de vista diferentes sobre os mesmos assuntos. Isso pode acrescentar ao Exército", ressaltou Luiza ao comentar a decisão do Exército em aceitar as mulheres na linha bélica. "Está sendo uma vitória para mim. A formação é difícil, mas eu sinto que consigo me superar a cada dia".

Outras áreas femininas

Segundo o subcomandante da Aman, coronel Sebastião Roberto de Oliveira, há quase 30 anos, o Exército tem comandantes e oficiais mulheres nas áreas de tecnologia, saúde e educação, por exemplo. "Já não nos estranha a presença feminina, encaramos de forma natural. Há uma integração positiva entre eles. Agora vão estar mais na frente de combate", disse.

Oliveira explicou que toda a academia foi preparada e adaptada para a inserção das mulheres, foram feitas tanto mudanças estruturais, em alojamentos e regulamentos de vestimenta, por exemplo, como a capacitação de instrutores. "Mas não tem tratamento diferenciado", disse, ressaltando que os aspectos fisiológicos e capacidades físicas são respeitadas.

Comunicação ativa

Para o coronel, as características que são mais expressivas nas mulheres também poderão contribuir para sua função no Exército. "A comunicabilidade da mulher, ela é mais comunicativa, pode ajudar em alguns aspectos. Elas também são mais detalhistas, e podem ajudar também com essa habilidade", explicou.

"Estamos bastante felizes. É algo natural na sociedade, a mulher sendo valorizada. Somos parte da sociedade, e a presença da mulher é bastante importante", disse.

Segundo a aluna Maria Cecília da Silva Vieira, de 18 anos, a adaptação na Aman ocorreu de forma natural. "A gente não fica lembrando que é a primeira turma [com mulheres], me sinto incluída, especialmente pelos homens da minha turma", disse.

Ela revelou que ainda não pensou qual curso escolherá na academia. "Aqui, na Aman, como é muito puxado [o treinamento], acho que posso falar por todos os alunos, que a nossa aspiração é chegar até o final de semana", disse, na época, a aluna da Academia.