Por: Redação

Pesquisa revela percepção da população sobre os parques naturais brasileiros

Parque Nacional Chapada Diamantina | Foto: Paulo Faria

Por Redação

Apesar da maioria da população brasileira conhecer algum dos 569 parques naturais no Brasil, cerca de um terço ainda não esteve em um lugar como esse. Os dados são da pesquisa "Parques do Brasil - Percepções da População", divulgada na última semana pelo Instituto Semeia. Com apoio do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBIo) e do Instituto Ekos Brasil, a quarta edição do estudo ouviu 1.539 brasileiros e brasileiras de dez regiões metropolitanas do país, entre julho e agosto de 2023, para entender como percebem, interagem e refletem sobre as condições dos parques naturais e urbanos.

A pesquisa também perguntou sobre o conhecimento e a vivência em parques urbanos. Apesar de todas as regiões metropolitanas alcançadas pela pesquisa possuírem parques urbanos, 20% das pessoas não mencionaram conhecer nenhum espaço como esse. Para a coordenadora de Conhecimento do Instituto Semeia, Mariana Haddad, "este cenário expressa o desafio de impulsionar a visitação nos parques brasileiros junto à opinião pública, enfrentado por gestores e especialistas dessas áreas".

Parques naturais

A coordenadora-geral de Uso Público e Serviços Ambientais do Instituto Chico Mendes, Carla Guaitanele, ressalta a importância dos dados apresentados pela pesquisa com relação aos parques naturais, tanto para entender motivações e barreiras à visitação quanto para oferecer insumos à construção de políticas públicas ligadas ao tema.

"Os Parques Nacionais têm apresentado um aumento real de visitas a cada ano, demonstrando maior interesse das pessoas em ambientes naturais apesar de ainda aquém do que vislumbramos. A pesquisa Parques do Brasil, realizada pelo Instituto Semeia, colabora com o aprimoramento das políticas públicas de visitação em nossos parques, diagnosticando frentes que devemos dar maior atenção", afirma.

De uma lista com 16 nomes de parques naturais, os mais lembrados foram Parque Nacional da Chapada Diamantina (BA), lembrado por 53% das pessoas entrevistadas; Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros (GO), por 50%, e Parque Nacional dos Lençois Maranhenses (MA), por 48%.

Segundo Mariana, a lembrança pelos parques na lista pode estar relacionada a diferentes fatores, desde a visitação, em si, quanto a exibição de imagens na mídia. Para ela, "o baixo reconhecimento desses espaços pela sociedade é um dos entraves do turismo em parques e abre espaço para desenvolvê-lo com mais divulgação dos parques e seus benefícios".

Referente às visitas realizadas a parques naturais no último ano, o levantamento identificou um aumento (44%) em comparação ao ano anterior (27%), possivelmente devido ao momento pós-pandemia. Ao mesmo tempo, em que a pandemia diminuiu as visitações com as restrições sanitárias e a redução na renda da população, trouxe reflexões relativas à relevância destes espaços para a manutenção da saúde física e mental, assim como para a qualidade de vida.

Quanto às motivações às visitas aos parques naturais, as três primeiras foram o contato direto com a natureza (36%), mostrá-la aos filhos (22%) e indicações de familiares e amigos (21%), seguidas de atrativos e atividades disponíveis nos parques, como esportes de aventura.

A quem já visitou, o custo de deslocamento (33%), distância (22%), o custo com hospedagens (20%), a falta de informações sobre os parques (13%) e as atividades disponíveis neles (12%) foram apontados como as maiores barreiras. Quem nunca visitou também indicou custos com deslocamento (42%) e com hospedagem (31%), distância (20%) e desinformação (13%) como obstáculos para conhecer os parques.

Tanto as motivações como as barreiras, na avaliação de Mariana, "apontam oportunidades para que o setor turístico, as organizações ambientais e o Poder Público atuem, de maneira conjunta e complementar, para divulgar nossos parques".

Parques urbanos

Acerca das visitas aos parques urbanos, 82% afirmaram já terem feito, sendo 49% no período dos últimos seis meses e 21% até uma vez por mês. Mariana também avalia a possibilidade de se ampliar a prática de atividades físicas, culturais e sociais nos parques urbanos e a percepção de valor do local, ao demonstrar o quanto agrega em qualidade. "Para tanto, temos de pensar estratégias para promovê-los. Muitos municípios brasileiros têm diversos deles como referências urbanas e de turismo com potencial para serem mais bem aproveitados", ressalta.

Políticas públicas

Uma parte das pessoas entrevistadas, 40%, concordam que o governo não dispõe de dinheiro suficiente para oferecer adequadamente os serviços que a população precisa, enquanto 75% acham o governo ineficiente na gestão dos seus recursos e 71% concordam que as parcerias do governo com instituições privadas melhoram o atendimento à população.

"Esperamos que, com esta captação da percepção da sociedade sobre os parques do Brasil, os diversos agentes envolvidos com a pauta a considerar no planejamento, na implementação e no monitoramento das políticas públicas associadas ao cumprimento da missão dos parques: conservar a biodiversidade brasileira, além de incentivar o contato das pessoas com a natureza, por meio do turismo e da recreação", conclui Mariana Haddad.