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Na contramão do varejo, Mercado Livre anuncia aporte de R$ 23 bilhões no Brasil

Ampliação visa crescimento logístico na região Nordestina do Brasil | Foto: Divulgação

Por Guilherme Cosenza

A empresa argentina, com coração brasileiro, Mercado Livre está investindo alto para combater o crescimento das concorrentes Shopee e Shein. A empresa anunciou um investimento de R$ 23 bilhões esse ano no Brasil. O valor é mais que o dobro dos R$ 10 bilhões investido no país em 2018, ano de chegada da empresa no país e 21% a mais do que o investido no ano passado.

Porém, o novo aporte tem um motivo interessante para o Brasil, o Mercado Livre está querendo ampliar sua malha dentro do país para sanar problemas como a agilidade de distribuição em áreas como o nordeste, onde a eficiência ainda é aquém se comparado ao sul e sudeste do Brasil. Por conta disso, o Mercado Livre irá abrir três novos CTs de distribuição. O primeiro ficará localizado exatamente no nordeste, no estado de Pernambuco, a cidade ainda não foi revelada, assim como onde serão colocados os outros dois centros de distribuição. Porém, a informação da empresa é que eles serão criados ainda esse ano.

O valor investido será destinado às áreas de tecnologia, logística, e-commerce e no banco digital da companhia, além das frentes de marketing e retail media. A ideia é de fato expandir ainda mais a marca dentro país e deixar cada vez mais para trás as demais distribuidoras que ao longo dos anos começaram a ganhar o mercado do varejo pelos baixos preços. De fato o Mercado Livre precisa investir para não perder o mercado brasileiro, responsável por cerca de 53% do lucro anual líquido da companhia.

Para se ter uma ideia da importância do Brasil como o principal ponto de comércio da varejista, a cada 53 segundos foram vendidos um item exposto pela empresa em seu site, o que rendeu um total de 413 milhões de produtos e encomendas vendidas na plataforma. Um número que nenhum outro local de atuação do Mercado Livre conseguiu chegar perto. O crescimento do consumo do online no período da pandemia lançou o companhia de uma maneira tal que ela não desceu.

Aumento da maior jogada de marketing

Entretanto, o crescimento logístico da empresa irá facilitar uma das maiores jogadas estratégicas da empresa. Aliás, que ajudou a alavancar a companhia no mercado sul e sudeste, que são as entregas rápidas, em menos de 24 horas. A medida foi inovadora e uma das principais que geraram uma procura ainda maior dos clientes pelas compras de pronta entrega.

Nesse cenário, os clientes passaram a colocar o Mercado Livre como uma opção à frente até mesmo do que o deslocamento para lojas onde o produto poderia sair nas mãos do cliente. O conforto de receber o produto desejado de maneira rápida e no conforto do lar, virou na realidade um mot de sucesso para empresa. Porém, com poucas possibilidades de alcance, uma vez que mesmo possuindo uma frota de 4 mil veiculos e 9 aviões próprios, a empresa não conseguia fazer a entrega de 24 horas no nordeste brasileiro.

Aliás o aumento da frota é outro quesito que está no foco do Mercado Livre em seu novo aporte. A empresa quer ampliar o número de carros elétricos da companhia, passando de 1100 veículos, para mais de 2 mil, entrando assim na tendência do mercado automobilístico.

Crescimento no Mercado Pago

Outro fator a se beneficiar com o novo investimento será a amplificação da presença do Mercado Pago, braço financeiro digital do Mercado Livre, que no ano passado atingiu o marco de US$ 3 bilhões em faturamento no Brasil. Com isso, estão entre as prioridades da companhia as alavancas de marketing, que geram recorrência de compra e fidelização no marketplace, assim como a aceleração do Mercado Ads, negócio de publicidade digital. O número total de anunciantes via Mercado Ads chegou a quase 170 mil em 2023. Esse número após aumentar por sete trimestres consecutivos, o que elevou a receita do negócio de publicidade digital para chegar em 1,6% do volume total de vendas na América Latina.

Na contramão do mercado do varejo brasileiro

Aliás, dessa forma o Mercado Livre conseguiu ir na contramão de muitas varejistas brasileiras que precisaram fechar suas portas ao longo dos anos, como o caso polêmico das Lojas Américanas acusadas de fraude e atualmente a Casas Bahia que anunciou que não irá abrir nenhuma nova loja esse ano. Muito pelo contrário, a varejista se prepara para fechar cerca de 20 de suas principais lojas por todo o país, após anunciar a demissão em massa de 8 mil funcionários. Tudo isso, por conta do balanço negativo da empresa que teve prejuízo de R$ 2,6 bi em 2023.

Porém, esse é o segundo ano consecutivo onde as Casas Bahia não inauguram nenhuma loja. A última vez que a empresa conseguiu inaugurar novas unidades foi em 2022 quando conseguiu abrir cerca de 60 lojas. Mostrando a queda continua de uma das varejistas mais tradicionais do país. Atualmente as Casas Bahia também é a proprietária da varejista Ponto e anunciou que as demissões fazem parte da tentativa de reestruturação da empresa que visa voltar para azul após as seguidas quedas. Além das demissões, as Casas Bahia também fechar três de seus pontos de distribuição e logistica.

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