Nesta semana, comemorou-se o aniversário de 70 anos da estreia da tradicional camisa verde e amarela da Seleção Brasileira em jogos oficiais. Esse marco é muito importante para esporte brasileiro e para o Correio da Manhã, que promoveu o concurso nas páginas do jornal em setembro de 1953.
No início dos anos 1950, após o trauma do 'Maracanazo', em que o Brasil perdeu a Copa do Mundo para o Uruguai, em pleno Maracanã, os torcedores começaram a questionar as cores do uniforme. Para o povo, a combinação de branco e azul estava marcada eternamente como sinônimo de derrota e vergonha para o futebol nacional, além de ser considerada "inexpressiva" de identidade nacional.
Com a decisão de aposentar o uniforme branco com calções azuis, o Correio da Manhã propôs à Confederação Brasileira de Desportos (atual CBF) a realização de um concurso para que o povo pudesse escolher um uniforme que fizesse com que eles se sentissem representados enquanto brasileiros. A CBD aceitou o projeto e o concurso foi lançado na edição de 23 de setembro de 1953 do Correio da Manhã.
Para avaliar o vencedor, foi montado um júri composto por um representante da Sociedade Brasileira de Belas Artes, dois representantes da imprensa, sendo um deles do Correio da Manhã, e três representantes da CBD, incluindo o presidente da entidade, Rivadávia Corrêa Meyer. A principal regra para os modelos era ostentar as cores da bandeira nacional.
Dessa forma, em 17 de dezembro de 1953, o modelo desenhado pelo jornalista Aldyr Garcia Schlee (1934 - 2018) bateu mais de 200 concorrentes e foi eleito vencedor. Por ter feito o design campeão, o gaúcho de apenas 18 anos recebeu como prêmio Cr$ 4.000.00 (algo equivalente a R$ 20 mil) e ganhou um estágio no Correio da Manhã, no Rio de Janeiro, onde evoluiu como jornalista, tendo contato com os melhores profissionais da época.
"Foi uma parceria histórica entre o Correio da Manhã e a CBF, que resultou na escolha de uma camisa emblemática e reconhecida em todo o planeta e que marca a trajetória da seleção mais vitoriosa do futebol mundial", afirmou a CBF.
A estreia do novo uniforme da Seleção Brasileira, que logo foi apelidado de 'Canarinho', aconteceu no dia 28 de fevereiro de 1954, em uma partida válida pelas eliminatórias para a Copa do Mundo daquele ano. O jogo aconteceu em Santiago, já que o adversário era o Chile.
E se a história de que a camisa branca dava azar assombrava os torcedores, quis o destino que a Camisa Canarinho já estreasse com vitória. Com atuação de gala do atacante Baltazar, a Seleção Brasileira bateu os chilenos por 2x0, com dois gols do 'Cabecinha de Ouro'.
Daí em diante, o Brasil enfileirou cinco títulos de Copa do Mundo, sendo quatro deles conquistados com a icônica camisa verde e amarela. Ao longo desses anos, craques imortais como Pelé, Garrincha, Jairzinho, Ronaldo, Romário, Roberto Dinamite, Ronaldinho Gaúcho, Zico, Sócrates, Vavá, Tostão e muitos outros encantaram o planeta com a beleza e irreverência de seu futebol.
O modelo 'Canarinho' virou sinônimo de Brasil após a conquista da Copa do Mundo de 1970. Com a consagração de Pelé e do Tricampeonato Mundial da Seleção, ficou impossível olhar para a camisa amarela e não se lembrar do Brasil.
Por falar nisso, a camisa de 1970 foi eleita pelo jornal britânico 'The Times' como a mais bela e icônica já feita na história do futebol.
Por ser o principal símbolo do Brasil pelo mundo e por compor a história mais gloriosa do futebol mundial, o Correio da Manhã celebra com muito orgulho fazer parte de um capítulo tão belo e marcante do futebol brasileiro, enquanto segue com a cobertura esportiva da Seleção Brasileira até os dias de hoje.