Por Pedro Sobreiro
Após passar por um adiamento, 'Duna - Parte 2' chega aos cinemas nesta quinta-feira e certamente vai deixar o público boquiaberto.
Adaptando o livro clássico de Frank Herbert, lançado na década de 1960, o filme é bem menos fantasioso que a adaptação de David Lynch, feita nos anos 80, e aposta numa abordagem épica. A história parte do exato ponto em que terminou o capítulo anterior, com Paul Atreides aprendendo a viver no meio da sociedade dos Fremen, no planeta desértico de Arrakis.
Por lá, ele vive sob uma enorme desconfiança. Há quem acredite que ele é o escolhido, citado há anos pelas profecias como aquele que guiará os Fremen rumo a um paraíso verdejante por meio de uma revolução lendária. Enquanto isso, tem aqueles que desconfiam da chegada do rapaz e se recusam a ser liderados por um desconhecido vindo de fora.
Fato é que Paul entende seu papel e fica tomado pela incerteza sobre atuar ou não nessa revolução, já que seu objetivo principal é vingar a morte do pai com o assassinato do repugnante Barão Harkkonnen e seus superiores. E é justamente nesse conflito do protagonista e acerca do protagonista que o filme encontra seu maior mérito. Por ser abordado praticamente como um messias, Paul reflete sobre suas ações pensando em se distanciar ao máximo dessa imagem, porque ele não se enxerga como um salvador, mas como um monarca que vai usar seus conhecimentos adquiridos pela política espacial e pelo treinamento que recebeu quando a família Atreides ainda era respeitada e não havia sofrido um golpe.
Ao mesmo tempo, seus feitos percorrem o planeta como histórias, unindo aliados para um embate épico. Diante dessa abordagem quase bíblica, o filme tinha um grande potencial para dar errado, ainda mais pela duração de aproximadamente 2h50. Porém, o trabalho do diretor Denis Villeneuve é tão espetacular quanto o filme em si. Na hora de construir esse universo, Villeneuve optou por introduzir mais o 'grosso' do conflito político na parte 1, lançada em 2021, deixando esse filme para expandir o universo com mais ação e grandiosidade.
Tudo neste filme tem proporções colossais. Por isso, todos os atos de Paul e seus rivais são retratados com a devida magnitude. Por falar nas ameaças, o grande perigo da vez é o sobrinho do Barão Harkkonnen, o psicótipo Feyd-Rautha.
Interpretado por Austin Butler, que encantou o público como Rei do Rock em 'Elvis' (2022), o vilão tem pouco tempo de tela, mas é um trabalho tão magnético do ator que ele deixa o público vidrado na telona em cada aparição.
Na trama, ele é um assassino habilidoso que mata por prazer. E após receber do tio a promessa de que será empossado como Imperador de Arrakis caso mate Paul Atreides, ele vira a principal pedra no sapato do 'messias' do povo da areia.
Com uma atuação marcada pela sensualidade e pela frieza de um homem que mata por diversão, o Feyd-Rautha de Austin Butler é o antagonista idela do Paul Atreides de Timothée Chalamet, que é cercado por dúvidas e questionamentos sobre si. Ele tem de escolher entre seguir seu coração ou consolidar sua vingança, fazendo de tudo para evitar uma guerra.
Sem falar das questões narrativas, o filme é um espetáculo técnico de encher os olhos. Filmado inteiramente com câmera IMAX, 'Duna - Parte 2' traz paisagens de tirar o fôlego, usa e abusa de maquinários fantásticos e criaturas impressionantes, como os Vermes da Areia, que são o símbolo da franquia. Vale a pena conferir esse filme numa sala IMAX não só pela altíssima definição do formato, mas pela melhor qualidade sonora que a sala proporciona. É uma experiência imersiva sensacional que remonta à sensação de estar assistindo um novo 'O Senhor dos Anéis' nascer diante dos seus olhos.
É uma ficção científica épica que tem tudo para 'furar a bolha' e ajudar a popularizar esse gênero tão fascinante. É uma obra-prima do cinema atual.