Por: Jannaina Costa

Teresópolis na rota do Enoturismo

Apenas a 110 km da cidade da capital fluminense, a Vinícola Maturano está em fase de implementação na região de Campanha, no km 23 do Circuito Turístico Terê-Fri (RJ-130) | Foto: Divulgação

Jannaina CostaAcompanhar o processo de produção, sentir o aroma e apreciar o sabor de umas das bebidas mais consumidas do mundo: o vinho. Esse é um dos objetivos do "Enoturismo", segmento turístico que tem crescido nos últimos anos e que, junto com o plantio das uvas e a produção de seus derivados, valerá mundialmente 30 bilhões em 2030. Em se tratando de Brasil, a principal referência nesse segmento turístico é o Vale dos Vinhedos, na Serra Gaúcha, mas se depender do empresário Marcelo Maturano, a Serra Fluminense será o novo destino dos amantes de vinho que desejam experiências imersivas no "mundo" dessa bebida milenar. Maturano, que atua há décadas em alguns segmentos econômicos de Teresópolis, está investindo no que está chamando de último grande empreendimento da vida: a Vinícola Maturano.

Como bom descendente de italiano, bisneto de Leonardo Maturano, que chegou ao Brasil no início do século passado, Marcelo é amante dos vinhos. Ao longo dos últimos 15 anos, visitou mais de 200 vinícolas por todo o mundo, até que sentiu o desejo de iniciar sua própria vinícola em Teresópolis, em 2017. Daí pra cá, mergulhou no universo da viticultura e se tornou profundo conhecedor não apenas da bebida, mas também da agricultura, o que é possível perceber em poucos minutos de conversa com ele.

Macaque in the trees
Marcelo Maturano | Foto: Divulgação

A apenas 110 km da cidade do Rio de Janeiro, a Vinícola Maturano está em fase de implementação na região de Campanha, no km 23 do Circuito Turístico Terê-Fri (RJ-130). Com uma beleza natural das montanhas, a altitude e o clima da Serra Fluminense, com dias mais quentes e noites frias, é um lugar encantador e excelente para se produzir vinhos de altíssimo padrão.

Grandioso, o projeto se estabelece em três grandes propriedades adquiridas pelo empresário que somam 193 hectares. Com atuais 18 hectares já plantados e expectativa de produção de 30 toneladas de uvas em 2024, a meta para o "terroir" é chegar a 50 hectares com 200 mil mudas de uvas como Syrah, Cabernet Franc, Sauvignon Blanc, Malbec Chardonnay e Merlot. Além dessas uvas já ambientadas ao solo e clima brasileiros, outras 11 variedades estão em desenvolvimento para fase de adaptação na propriedade.

Merece destaque a parceria da vinícola com a Pesagro-Rio para trazer da Itália mil mudas da uva Maturano, uma antiga videira nativa do Lácio, região com características topográficas similares à Teresópolis, que data de mais de 500 anos atrás, quando era cultivada por monges. Resgatada recentemente, a variedade ainda é rara em todo o mundo e, no Brasil, será exclusiva da Vinícola Maturano. O produto esperado é um vinho branco aromático, mas Maturano confessa que o interesse original foi na curiosidade de ter uma uva que leva o nome de sua família.

Complexo turístico vinculado à experiência com o vinho

Macaque in the trees
Área da Vinícola Maturano. | Foto: Divulgação

Com a atual produção, a Maturano já é a maior produtora de uvas do estado do Rio de Janeiro. Essa conquista por si só já coloca Teresópolis em posição de destaque, mas Maturano tem planos ainda mais ambiciosos, que é criar um complexo turístico a partir da vinícola. Previsto para ser inaugurado por etapas a partir de setembro de 2025, numa área de 407 mil metros quadrados, o empreendimento terá um um hotel padrão Classe A vinculado à experiência com o vinho. O espaço contará com 65 apartamentos e infraestrutura de lazer de luxo, com destaque para o spa, além de piscina, sauna, quadras esportivas, entre outros atrativos para manter o cliente no complexo por uma temporada maior.

Também haverá um restaurante especializado em carnes para 320 pessoas e um wine bar com vista para as montanhas. O projeto inclui ainda uma cave para até 1,5 milhão de garrafas, considerando uma produção anual esperada de 320 mil garrafas, em dois ciclos produtivos: no inverno, serão produzidos tintos, brancos e rosés; já no verão, será a vez do espumante, que será elaborado 100% com uvas Chardonnay. No coração disso tudo, a enóloga brasileira, radicada na Itália, Mônica Rosseti.

"Além de otimizar a vinícola, com dois ciclos de produção também impulsionamos o atrativo turístico, porque o visitante consegue encontrar a uva no pé em dois períodos por ano", comenta Maturano.

Considerando o público de alto padrão esperado, está sendo preparado um heliponto e hangar com capacidade para estacionar até três aeronaves simultaneamente. Até uma capela será construída para estimular a realização de eventos, como casamentos e bodas, no local.

Como se vê, tudo foi pensado para que o empreendimento seja um ativo do turismo, até mesmo a estratégia de negócio, que não prevê vendas dos vinhos no atacado, apenas no próprio local e nos hotéis e restaurantes da região. Com isso, o visitante será estimulado a visitar o complexo ou os equipamentos turísticos da cidade para degustar os vinhos. Também está prevista a venda por E-commerce.

"O grande diferencial do empreendimento é o potencial de turismo com alto valor agregado. São pessoas que vão trazer dinheiro novo para a cidade. Esses clientes, num primeiro momento, virão para o empreendimento, mas também circulam na cidade. Em outro momento eles voltam e começam a pensar em ter uma casa de veraneio ou um sítio, estimulando o desenvolvimento local", comenta Maturano.

De olho nesse crescimento do interesse pela região, o empresário também vai lançar um condomínio residencial de 200 mil metros quadrados, com 170 terrenos na propriedade. "Como é uma região nova, pode se desenvolver com um alto padrão de qualidade", afirma Maturano, destacando a área de reserva natural preservada da propriedade, em torno dos 40%, o dobro do exigido.

Estímulo à criação de um polo de viticultura

Maturano vê em Teresópolis o potencial de ser um futuro polo de viticultura, assim como em outras regiões do país, onde o turista tenha acesso a um circuito de experiências diversificadas na área do enoturismo. Além da Maturano, já existe outra vinícola produzindo na região e duas em instalação. "Quanto mais empreendimentos como esse, melhor. Imagina que a gente tenha vinte vinícolas aqui na região. Nos tornamos um roteiro turístico. O turista vem e passa uma semana na cidade, para visitar todos os espaços. O vinho não é concorrência, é parceria. Um empreendimento é atrativo para o outro. O turista visita o que mais gosta e visita uma série de outros, porque são experiências diferentes e complementares. Todo mundo ganha, em especial, Teresópolis", conclui.

 

Macaque in the trees
Área da Vinícola Maturano. | Foto: Divulgação

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Área da Vinícola Maturano. | Foto: Divulgação

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